O governador Rui Costa falou nesta segunda-feira (3) sobre o planejamento para o retorno das aulas nas escolas estaduais da Bahia. Ainda sem data prevista para essa volta, as aulas devem passar a acontecer incluindo todos os sábados, sem recesso no final de ano e com encerramento do ano letivo para fevereiro de 2021, afirmou o governador, durante entrega de apartamentos no bairro do Costa Azul pela manhã.
“No retorno vai ter aula todos os sábados e provavelmente vamos alternar, dividindo a turma em duas, garantindo dentro da sala o distanciamento social. Será obrigatório uso de máscara dentro da escola por todos”, afirmou o governador. “Devemos ir até fevereiro, para terminar o ano de 2020. Não terá recesso no final do ano. E com isso a gente cumprirá o número de horas”, acrescenta.
Rui disse que o planejamento inclui a testagem de alunos, que já aconteceu em três cidades do interior e constatou uma taxa de contaminação 10 vezes maior do que os números oficiais traziam. “Fizemos em Ipiaú, Itajuípe e Uruçuca. Em duas encontramos 10% da população estudantil e professores (já contaminadas). Tinham 1% em dado oficial”, afirmou o governador. Nesta semana, os testes acontecem em cidades maiores: Jequié, Itabuna e Ilhéus. “Queremos ver o perfil de contaminação”, diz.
O retorno às aulas inclui intervenções físicas nas escolas, com reforço de questões sanitárias, como reforma de banheiros, inclusão de pias em áreas externas e área para passar álcool gel. Ventiladores estão sendo instalados nas escolas – as que têm ar condicionado não poderão usar o aparelho porque facilita a contaminação. Também está sendo instalada banda larga nas escolas. Os alunos terão oferta de conteúdo digital para baixarem na sala e acompanharem em casa as tarefas.
“A data é a única coisa que está pendente. estamos monitorando a taxa de contaminação e ocupação de leitos. Ainda não podemos afirmar, vai depender do comportamento da doença nos próximos dias. Esses testes que estamos fazendo nas escolas vão ser um bom parâmetro”, acredita. “Só iremos anunciar (a data) quando tivermos uma taxa de contaminação inferior a que temos hoje”, disse, sem cravar um número.
Questionado sobre comentários de sindicato de professores relacionando um retorno às aulas com “genocídio”, Rui afirmou que a reabertura já está acontecendo sem críticas desse tipo. “Não é razoável que as pessoas acham que possam ir no shopping e não possam ir dar aula na escola. Está se falando de abrir bar, restaurante… Não vi ninguém falando de genocídio quando se falou de abrir shopping”, diz, afirmando que a crítica só será pertinente da parte de quem não está saindo de casa.
“A pessoa que tá indo no shopping, quer ir no bar, no restaurante, só não quer ir na escola? Não faz muito sentido isso (…) Tudo pode funcionar, só não a escola?”, questiona, dizendo que não se pensa em cancelar o ano letivo. “Cancelar o ano significa que muitos desses alunos não voltarão para escola. Não podemos cometer esse crime”. A Junta Médica vai analisar os casos de professores que tenham problemas de saúde.
Coordenadora da Associação dos Professores Licenciados do Brasil – Secção da Bahia (APLB-BA), Marilene Betros diz que a categoria está em diálogo junto ao Governo do Estado, que já chegou a apresentar uma proposta de protocolo para o retorno das aulas para os mais de 800 mil alunos matriculados na rede pública estadual de ensino.
No entanto, a associação entende que muitos ajustes são necessários para que se chegue a esse momento: os colégios públicos do Estado têm salas superlotadas, problemas estruturais como defeito em bebedouros, pouca ventilação e banheiros precários.
“É preciso discutir as condições de trabalho porque as escolas não têm condições de biosegurança. O nosso posicionamento é defender a vida, visto que não temos condições de retornar com o nível de mortes e contaminações atual. Estamos expostos ao perigo e não vamos aceitar um retorno precipitado, que coloque em risco toda uma população escolar e faça uma fila para a morte”, diz a coordenadora.
Aluna do segundo ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Almirante Barroso, em Paripe, a jovem Fernanda Santos teme que o retorno aconteça de maneira precipitada. Dois de seus familiares já tiveram coronavírus e ela acredita que há mais casos assintomáticos em sua casa.
“Passamos por um desgaste mental muito grande com essa parada, que nos deixou perdidos. As coisas não podem voltar por voltar porque é injusto e vai atrapalhar nosso rendimento. Tem que ser bem pensado”, conta.
Informações: Correio
Fico muito preocupada, moro em uma comunidade rural e sou mãe de um aluno que também estuda na cidade do município que moro, não sei como irá acontecer , porque as crianças anda colada uma na outra no transporte vai ter que ter manitor nos ônibus para manter o distanciamento no ônibus porque o motorista nao vai dar conta??