Ele usou um fuzil AR-15 comprado poucos dias depois de seu aniversário de 18 anos, e matou, numa escola infantil, vinte e uma vítimas, enquanto na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, vinte e seis foram mortas pela Polícia Militar.
Mas, para mim, neste momento, o melhor é a circunspecção, pois o que tenho diante de mim são os campos infinitos da intolerância pelo pobre com descaso do governo, que marginaliza quem mora em favelas e a violência sem sentido de um jovem de 18 anos com uma arma na mão, que com ela vê o mundo por outro prisma.
Então, minha sensibilidade ficou como se lhe dessem uma surra de urtiga. A maior parte das pessoas nasce, vive e morre como membros de sociedades velhas, onde homens vão para o tráfico e a marginalidade há muito tempo, para que esta sociedade possa enriquecer-se, e o criminoso é destruído ou segregado por ser um fator perturbador.
Mas, a sociedade americana onde a liberdade é plena, a arma é um direito de cada cidadão. Então, esta velha sociedade continua pagando o preço do livre-arbítrio de um jovem que pega uma arma e realiza uma chacina numa escola, não pensando em seus laços familiares, suas convicções religiosas ou seu status social.