“Alguns publicanos também vieram para serem batizados. Eles perguntaram: Mestre, o que devemos fazer? Ele respondeu: Não cobrem nada além do que lhes foi estipulado. Então alguns soldados lhe perguntaram: E nós, o que devemos fazer? Ele respondeu: Não pratiquem extorsão nem acusem ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário.” (Lucas 3.12-14)
João Batista estava anunciando o Reino de Deus. Era uma pregação inovadora, para além da religiosidade judaica. Arrependimento e batismo marcavam o anuncio do Reino de Deus e a reação da multidão foi preocupar-se com o que estavam fazendo e o que deveriam fazer (Lc 3.10-11). Publicanos e soldados tinham a mesma preocupação. Eles vieram para serem batizados e sabiam que seria preciso mudar de vida, ter atitudes compatíveis com o batismo do arrependimento. Se o Reino de Deus chegou, uma nova vida, sob um novo Rei, era necessária. Entenderam arrependimento como mais que apenas um sentimento. Jesus orientou os discípulos a anunciarem o Evangelho, ensinando tudo que dEle haviam ouvido. E, os que cressem na mensagem, deveriam ser batizados e deveriam aprender a obedecer tudo que havia ordenado (Mt 28.19-20). Quantos de nós já fomos batizados como testemunho de nossa fé em Cristo? Quantos de nós tem demonstrado as atitudes de quem recebeu o Reino de Deus?
A resposta de João à multidão, aos publicanos e aos soldados envolveu o modo como lidavam com seus bens e, em particular, o dinheiro. Num mundo apegado a riquezas materiais e ignorante das espirituais, o Reino de Deus vem nos pedir submissão de tudo a Deus. Pois, enquanto estivermos aqui, os bens materiais e, em especial, o dinheiro, concorrerão com Deus e poderão prostituir nossa fé. Muitos, apegados ao dinheiro e aos bens, mantem-se distantes de Deus ou permanecem espiritualmente infantis. Muitos outros, sedentos de ambos, abraçam uma fé corrompida, adulterada. Os dois grupos nem sequer imaginam o que significa amar a Deus e ao próximo. Tenha cuidado com o dinheiro. Juntamente com o poder e o prazer são as três fraquezas clássicas do ser humano! Sirva a Deus com seus bens e com seu dinheiro. Só assim eles serão uma benção e não uma ameaça à sua espiritualidade.
“O que devemos fazer?” Ainda hoje esta é uma pergunta muito importante para o cristão. Mas poucos a fazem. Estamos mais interessados no que Deus pode fazer. Deus não precisa de nosso dinheiro. Ele é dono de tudo. Mas nosso dinheiro é importante em nossa fé, pois indica de que tipo ela é. Se vivermos como se não tivéssemos qualquer satisfação a dar a Deus sobre ele, sobre como o ganhamos e como o gastamos, algo não vai bem como nossa fé. Talvez nem seja a fé ensinada por Jesus. Se cremos em Jesus, o suborno, a ganância, a corrupção e todo tipo de desonestidade devem ser abandonadas. Se cremos em Jesus devemos praticar a generosidade e, com alegria, contribuir com nossos dízimos e ofertas. Se diante desses deveres nosso coração pesa, por melhores explicações que tenhamos, há algo errado conosco. Devemos ter cuidado: onde estiver nosso tesouro, lá estará nosso coração, disse Jesus (Mt 6.21). A fé em Cristo envolve atitudes também em relação aos nossos bens e ao nosso dinheiro. Por uma simples razão: “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém.” (Rm 11.36)