“Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador.” (Lucas 18.13)
Uma das principais experiências da fé cristã é a experiência do arrependimento. Ela é tão central na fé cristã que está presente no anuncio do evangelho feito por Jesus e por João Batista: “Arrependam-se e creiam no evangelho” (Mt 3.1-2 e Mc 1.14-15). Sem arrependimento pessoa alguma é feita cristã e ao longo da vida como cristã toda pessoa se arrependerá várias vezes. Na parábola contada por Jesus o publicano manifestou arrependimento e voltou para casa justificado – sem culpa.
O publicano entrou no templo e ficou à distância, mais atrás, como quem se sente indigno. Ele não ergueu a cabeça e bateu no próprio peito numa expressão de auto reprovação. Ele não queria mais ser quem era. Ele fazia o que sabia que não deveria fazer. E não tinha mais como voltar atrás e consertar as coisas. Na fé cristã isso ainda não é o arrependimento. É a culpa, um peso que tira o prazer e a alegria, que produz uma profunda insatisfação a respeito de si mesmo. A culpa levou o publicano ao arrependimento: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador”. Começou o arrependimento. O arrependimento é o encontro da culpa humana com a misericórdia divina!
No grego a palavra para arrependimento é “metanoia” e significa “mudança de direção e de mente”. Envolve nossas atitudes mas é uma mudança possível apenas se a misericórdia de Deus atua em nós. Ela se expressa no perdão que trata o passado, aproxima-nos de Deus e abre novas portas para o futuro. Nova direção e nova mente tornam-se possíveis. Sem a misericórdia de Deus, pecadores ficam onde estão, repetindo-se, por mais que se sintam culpados. Com ela, a culpa leva-nos ao arrependimento, a um “vir-a-ser” promovido pela comunhão com Deus. Essa é a dinâmica de vida que envolve os filhos de Deus. Gente arrependida, mas livre de culpas. Perdoada, mas ciente de que é pecadora.