A única maneira de armazenar informações é por acordo. O sonho exterior pode captar nossa atenção, mas, se não concordarmos, não armazenamos essa informação. Assim que concordarmos, acreditamos, e isso é chamado de fé.
Ter fé é acreditar incondicionalmente. Foi assim que aprendemos na infância. Crianças acreditam em tudo o que os adultos dizem. Concordarmos com eles, e nossa fé é tão forte que controla todo o nosso sonho de vida. Não escolhemos essas crenças, e poderíamos nos ter revelado contra elas, mas não tivemos força suficiente para provocar tal rebelião. O resultado é ceder às crenças com nosso consentimento.
Aprendemos como viver e como sonhar. Nessa domesticação, a informação do sonho exterior é conduzida para o sonho interior, criando nosso sistema de crenças. O sonho exterior nos ensina a ser um ser humano. Temos um conceito completo sobre o que é uma “mulher” e o que é um “homem”. Também aprendemos a julgar: a nós mesmos, as outras pessoas, os vizinhos.
As crianças são domesticadas da mesma forma que domesticamos um cão, um gato ou qualquer outro animal. Para ensinar um cachorro precisamos punir e dar recompensas a ele. Teinamos nossos filhos, a quem tanto amamos, da mesma forma que treinamos qualquer animal doméstico: a partir de um sistema de castigo e recompensa. Quando fazemos o que mamãe e papai querem que a gente faça, eles nos dizem: “Você é um bom menino” ou “Você é uma boa menina”. Quando isso não acontece, somos “meninos maus” ou “meninas más”. Com medo de ser punidos e de não ganhar a recompensa, passamos a fingir ser o que não somos apenas para agradar, só para sermos suficientemente bons para as outras pessoas.
Fingimos ser o que não somos porque temos medo de ser rejeitados. O medo de sermos rejeitados torna-se o medo de não sermos suficientemente bons. Mais tarde, acabamos por nos tornar alguém que não somos. Tornamo-nos cópias das crenças de mamãe, de papai, da sociedade e da religião. Todas as nossas inclinações naturais são perdidas no processo da domesticação.
Então o tempo passa e eis que a situação fica muito grave, pois tal domesticação solta os cabrestos do viver e o jeito é fazer psicanálise ou viver domesticado.
Desde a infância vamos sofrendo uma salvagem celebral , principalmente dos pais , dos professores e da igreja.
O processo é tão maciço que acabamos por acreditar que certas verdades são genéticas , inerentes ao ser humano !
Até que nos rebelamos no início da fase adulta , começamos a brigar conosco tendo em vista formar nossa verdade sobre tudo !