“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mateus 28.19-20)
Que mandamentos Jesus deu aos seus discípulos e que eles deveriam ensinar a outros, fazendo-os assim, discípulos como eles próprios se tornaram? Ele reuniu doze homens bem diferentes e confusos. Ele os amou e se fez seus amigos. Ele lhes falou do amor do Pai e ensinou-lhes um novo conceito: graça. Demonstrou de diversas formas o poder da misericórdia e a grandeza do serviço ao semelhante. Enquanto andou com eles agiu como um servo. Jesus dividiu seu tempo com eles, partilhou inúmeros momentos de refeição e os ensinou a orar. Ao aproximar-se do final de seu ministério, pediu que eles amassem uns aos outros e ficassem unidos. Essas seriam as marcas mais evidentes do discipulado deles com Jesus. E deveriam permanecer na graça que receberam nele -vocês devem permanecer em mim porque sem mim vocês nada podem (Jo 15.5).
Nós lemos sobre tudo isso mas parece que não entendemos. Porque entendemos que fazer discípulos acontece com um conjunto de doutrinas justificado por outro, de promessas. Em algum ponto do caminho acabamos ensinando algum tipo de troca com Deus. Formamos então igrejas, nós e nossos convertidos. E seguimos no processo. Mas há algo que parece ter sido perdido. Entre nós parece faltar amor, misericórdia, humildade e atitude de servo. Julgamos rápido demais e somos lentos em acolher e compreender. Sacralizamos formatos, palavras, maneiras de fazer as cosias e perdemos a capacidade de ver além dos símbolos. E acabamos apegados ao símbolo e vazios da virtude que o símbolo anuncia. Estamos fazendo discípulos como Jesus disse que devemos? Talvez possamos considerar que não, e então aproveitarmos para avaliar tudo isso.
Como poderemos fazer discípulos como Jesus nos disse para fazermos se não sabemos fazer amigos? A leitura dos evangelhos nos mostra que o discípulos só se tornaram de fato seguidores de Jesus, após a ressurreição. Durante todo o tempo Jesus se fez amigo deles e dividiu com eles a vida. Ele os amou, suportou, repreendeu e compreendeu. O Senhor que nos faz seus discípulos, primeiro se fez nosso amigo. Veio e nos amou primeiro, antes que pudéssemos responder com algum amor. Jesus nos mandou fazer discípulos. Mas não os faremos, de fato, se não estivermos dispostos a ser amigos, a amar e acolher, compreender e suportar. Não somos chamados para entregar um recado a desconhecidos por quem pouco nos interessamos, mas, sobretudo, para partilhar a graça e o amor de Deus a cada um dos que conquistarmos como amigos. Há outras formas? Podemos criar e até gostar de outras formas, mas devemos nos perguntar se o que elas geram de fato é uma comunidade de discípulos de Jesus.