É uma imensa extensão de floresta, toda do mesmo verde intenso, cortada por rios que deslizam como serpentes luminosas. O mais interessante é a cor de café com leite. E o rio Amazonas é o mais longo e volumoso da Terra, chega a ser cinco vezes mais extenso que outros. Só astronautas em viagem à Lua conseguiram vê-lo por inteiro, a distância. Este último paraíso do planeta, vem sendo sistematicamente destruída pela cobiça de empresários e aventureiros.
O recente caso de Bruno e Don mostra o que acontece por quem defende a Amazônia. Os olhos dos dois, que eram de águia para os mistérios da Amazônia, eram de pomba para os perigos de vida que corriam. Na selva Amazônica a roda não tem serventia, já que os índios reais donos da floresta não tem nada para transportar, nem necessidade de ir a lugar nenhum. O fascinante da cultura indígena é que entre eles ninguém se importa com a posteridade nem deseja destacar-se dos demais. A capital do estado da Amazônia, Manaus prosperou durante o ciclo da borracha em fins do século XIX.
Visitei Manaus nos anos oitenta, o clima é como uma toalha empapada de água quente sobre a pele de tão úmido, situada na confluência dos rios Negro e Amazonas, é uma cidade grande e moderna, com edifícios altos e um trânsito terrível, a natureza é indômita e na época das grandes cheias aparecem jacarés e cobras nos pátios das casas e nos poços dos elevadores. Trata-se também de uma cidade de traficantes, onde a lei é frágil e se corrompe facilmente: drogas, diamantes, ouro, madeiras preciosas, armas.
Quando se entra na floresta, perde-se o sentido de orientação. Já existiram casos de estrangeiros que, estando à poucos metros do rio, morreram desesperados, incapazes de encontrá-lo. A noite na floresta, pontos coloridos aparecem no meio do mato: são os olhos dos jacarés espiando na escuridão. Na floresta parece que o tempo transcorre mais devagar do que em outros lugares, como se aquele local fosse atravessado por um fuso horário paralelo.