Aluno autista é agredido com ‘mata-leão’ e banho de água fria em colégio

Aluno autista é agredido com ‘mata-leão’ e banho de água fria em colégio
Aluno autista é agredido com ‘mata-leão’ e banho de água fria em colégio. Foto G1

Um estudante foi agredido por outro aluno da mesma sala na Escola Santo Tomás de Aquino, no bairro São Bento, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A mãe da vítima denuncia a postura negligente da escola e afirmou não ter sido recebida pelos funcionários quando buscou esclarecimentos sobre o ocorrido. O caso foi divulgado nesta quinta-feira (3).

Já a escola disse que “tomou todas as medidas iniciais necessárias” e disponibilizou, ao longo de todo o percurso educacional do aluno, “o apoio necessário para seu desenvolvimento pedagógico e que seguirá oferecendo todo suporte para a família”.

De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima, de 13 anos, foi surpreendida pelas costas por outro estudante e jogada ao chão com um golpe conhecido como “mata-leão”. O agressor foi advertido mais de uma vez por uma professora de matemática. Só então liberou a vítima.

O menino tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a mãe, ele está na escola sem acompanhamento de um professor de apoio. Ela contou que a lei exige esse profissional. Para ela, essa ausência pode contribuir para os constantes casos de violência aos quais o filho é submetido, sempre pelo mesmo agressor.

Segundo o documento policial, o menino preferiu dormir durante a aula para evitar que a mãe fosse acionada na escola. Porém, durante o intervalo, o agressor jogou água fria para acordá-lo. A atitude foi suficiente para despertar uma crise de pânico na vítima.

O relato da mãe é emocionante. Em meio às lágrimas, ela contou que soube do ocorrido após ser informada pela escola de que o filho estava na enfermaria. Encontrou o menino com um hematoma no rosto. Ele não conseguia falar.

O estudante foi levado para a terapeuta, com quem faz acompanhamento. Durante a consulta, conseguiu relatar todo o acontecido. A mãe dele voltou à unidade escolar com um relatório da profissional. O documento aponta a necessidade do cumprimento da lei que determina um professor de apoio para o aluno com TEA.

A mãe do adolescente contou que, em uma reunião na escola, percebeu algumas funcionárias consternadas com o ocorrido. Porém, o diretor, na opinião dela, estava frio.

Ela contou que o aluno que atacou o filho dela foi suspenso por dois dias. Na próxima segunda-feira (7), ele volta a frequentar a escola em uma turma diferente da vítima.

Os pais da vítima se reuniram com os profissionais da escola na presença de duas advogadas e da psiquiatra que atende o menino.

Segundo a mãe do estudante, não é a primeira vez que o agressor atinge o filho dela. Ele tem má reputação entre os colegas e funcionários da escola, conhecido pelo comportamento irregular e violento.

A reportagem entrou em contato com a Escola Santo Tomás de Aquino e recebeu um retorno às 12h13 desta sexta-feira (4).

LEIA NA ÍNTEGRA:

“A Escola Santo Tomás de Aquino lamenta o episódio ocorrido na instituição, que ao longo de seus 68 anos de tradição, acolheu outros estudantes neurodiversos e sempre prezou por oferecer o acompanhamento adequado. A Escola afirma que, conforme alinhado previamente com os responsáveis pelo aluno, disponibilizou ao longo de todo o seu percurso educacional, o apoio necessário para seu desenvolvimento pedagógico, e que seguirá oferecendo todo suporte para a família, bem como a manutenção dos canais de diálogo, valor fundamental da Instituição. A Escola reitera ainda que tomou todas as medidas iniciais necessárias e segue apurando todos os detalhes, acompanhando de perto as rotinas dos alunos a fim de garantir a integridade de todos que convivem sob a sua tutela.”

O que diz a Polícia Civil
Sobre os fatos registrados na terça-feira (1/11), em uma instituição de ensino localizada no bairro São Bento, na capital, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que apura o ocorrido. Nos próximos dias, os envolvidos serão ouvidos para prestar esclarecimentos. Mais informações serão repassadas em momento oportuno para não atrapalhar os trabalhos investigativos.”
Fonte: G1

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