Almuadem

Almuadem

Quando estive em Istambul, no final de novembro, achei mágico, ouvir todo dia o chamado para orações que eram: 5 vezes às 5h00; 13h00; 18h00; 20h00; e 21h30. Quase todos os almuadens, no passado e por muito tempo depois, eram cegos, porventura, imagina que seria vocação particular da invalidez o canto das orações, o problema de dar trabalho a gente a quem faltava o precioso órgão da visão. A verdade histórica, é que os almuadens eram escolhidos entre os cegos, não por humanitária política de emprego, mas para que não pudessem devassar a intimidade dos pátios, que do alto das mesquitas anunciavam as orações. Não consigo repelir uma dúvida, se a esses homens não lhes furariam os olhos lúcidos, como se fazia e talvez se faça ainda aos rouxinóis, para que da luz não conhecessem outra manifestação que uma voz ouvida nas trevas, a sua, ou, porventura, a daquele.

O chamamento consiste em proferir a frase Allah hu Akbar (Alá é grande), seguida da chahada, a “profissão de fé” islâmica através da qual se atesta que “não há outro Deus para além de Alá e Muhammad é o seu profeta”. Esse chamamento é entoado de forma melodiosa, sendo necessário que as palavras sejam bem pronunciadas.

O primeiro almuadem foi Bilal, um escravo da Abissínia libertado por Maomé, que fazia o chamamento a partir do telhado da casa do profeta em Medina. Tradicionalmente, procurou-se que o almuadem fosse um cego para assim se evitar a tendência para espreitar as mulheres nos seus pátios.

O almuadem não é uma pessoa sagrada, mas um servidor da mesquita. A sua função pode ser exercida por qualquer pessoa. Hoje em dia, o almuadem é muitas vezes substituído por alto-falantes que reproduzem uma gravação ou por anúncios transmitidos pelas estações de rádio.

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