Vagueio em estranhas paragens
Por vezes angustiado ou aflito,
Está sempre próxima e alerta,
Em momentos de grande indecisão.
Não se sabe de que é feita,
Só que o sentimento nela impera
E quando todos pensam em sua ausência,
Lá está meiga e confortadora.
Guarda emoções, anseios e aspirações.
Não revela o esforço nem se queixa,
E atenta continua o inexorável caminho
Cuja trilha é longa, silenciosa e uniforme
Nos estranhos instantes inusitados,
Quando sonhamos ou meditamos desconexos,
A orientação vem sempre clara e precisa
E não sabemos em que caminho foi gerada.
No isolamento sua companhia tem poder,
Vive em sondas ocultas e poderosas,
Jamais saberemos a capacidade invulgar,
E a potência inexaurível que exala.
É única, imensa e indestrutível,
Até na morte é perpetuada,
Todos falam nela, mas respeitam.
O insondável mistério que carrega.
Ungida de doçura e suavidade,
Contornada de desprendimento,
Desconhece a fragilidade ou a fraqueza
E enfrenta qualquer luta inglória.
“Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça, melando os dedos com algodão-doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro e a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver. Tem gente que tem cheiro de banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar.” Sentimos o perfume de almas que eternizam os nossos sentimentos.