Alma inconformada

“Será que vocês, poderosos, falam de fato com justiça? Será que vocês, homens, julgam retamente?” (Salmos 58.1)

Os piores momentos da história humana tem sido protagonizados quando poder e injustiça estão de braços dados. O poder aliado com a injustiça destrói vidas. Destrói oportunidades e futuros. Nega o direito e fere a dignidade. E nossa alma sempre é afetada, não importa a que distância estejamos. O salmista está questionando a idoneidade humana, sua ética e sua probidade. Isso revela seu temor a Deus. Quando tememos a Deus questionamos a vida e o nosso lugar nela.

A acomodação indica nosso empobrecimento. Estamos menos humanos. E ser menos humano é ser menos capaz para a adoração. No campo espiritual, é contentar-se com liturgias e tentar fazer de Deus uma fonte para a satisfação de si mesmo. A injustiça tem justamente essa raiz: o egoísmo. O tipo de reação que temos diante da realidade que nos cerca fala muito sobre o tipo de alma que nos habita e se de fato Deus a tem influenciado de alguma forma.

Quando nossa alma contempla Deus torna-se mais exigente com a vida. Não porque sonha com mais bens, mas porque anseia por mais justiça. Visto que Deus nos justifica, mostrando-nos, de fato, quem fomos criados para ser, ficamos inconformados com a vida costuma ser. E então a alma começa a fazer perguntas. Perguntas incômodas. Em todas as direções. Inclusive na direção de si mesma. É assim porque, com Deus, ganhamos o dom de ter uma alma inconformada.

 

 

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