Além das aparências: um bom perfume!

“Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.” (1 Pedro 3.15)

Há uma beleza possível na fé evangélica e que precisa começar a aparecer entre nós. É importante enfatizar: ela precisa começar a aparecer entre nós. Sim, porque tem estado em falta. Como seguidores de Jesus, representante da fé cristã, do Evangelho da Cruz, tem faltado a beleza própria de pessoas reconciliadas. Uma beleza que é o retrato da Esperança eterna e que gera interesse. Essa de que Pedro fala. Esperança que suscita perguntas e promove diálogos. Que possibilita aproximação e superação de preconceitos. Não me refiro a preconceitos nossos a respeito de quem quer que seja, porque se a beleza apareceu é porque os preconceitos em nós já ficaram para trás. Não há beleza e preconceito juntos. Refiro-me aos preconceitos que habitam os não cristãos, ou não evangélicos. Preconceitos com alguma razão, gerados pela falta de beleza de quem canta e fala de Jesus, mas vive o poder da reconciliação realizada por Jesus. Uma reconciliação que gera beleza.

Pessoas reconciliadas pelo Evangelho vão sendo habitados por uma formosura que chama a atenção. E o Espírito age, promovendo um encontro de olhares entre quem não sabe sobre Jesus e aqueles que estão transparecendo a beleza do Evangelho. É a beleza de quem foi reconciliado com Deus e está aprendendo a ser amado e a pertencer. Está se desocupando de ideias tolas, como as que se inspiram no desejo de impressionar Deus, merecer bênçãos. Uma beleza graciosa cujo perfume tem cheiro de encontro, confiança e paz. Onde não há medo! É também a beleza de quem está reconciliado consigo mesmo. Ou melhor, está se reconciliando consigo mesmo! Aprendendo a se conhecer e ser o mais verdadeiramente quem é. E enquanto vai se assumindo vai se perguntando quem mais poderia vir a ser. Uma pergunta que só é poderosa se vier no tempo certo: depois que nos aceitamos inteiramente como somos. Isso pode acontecer em camadas profundas da alma tanto quanto em camadas externas de nossa vida.

A reconciliação produz beleza. E no processo há também a beleza da reconciliação com o mundo, as cores, os sabores, as estações, as dores, as perdas, os encontros, o passado, as incertezas do futuro, as faltas do presente… uma reconciliação com a vida. E com o próximo. Como as anteriores, reconciliações em processo, em andamento. E que vão gerando uma beleza singela, com cara de vida de verdade, de humanidade saudável. E num mundo tão artificialmente colorido, “saborizado” e perfumado, o frescor da graça acaba aparecendo e chamando atenção. Portanto, precisamos viver o movimento reconciliador do Evangelho como a essência de nossa espiritualidade. O amor e graça são seus propulsores. Atitudes e relacionamentos, e não somente ideias e conceitos, é que lhe dão vida. Que a Esperança que nos move não seja, com diria Mário Quintana, um urubu pintado de verde. A vida de aparências é mais comum do que pensamos. Se estamos nela, que acordemos.

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