Ainda é dia, ainda há tempo!

“Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar.” (João 9.4)

Não somos eternos. Claro que você sabe disso. Deixe-me dizer então em outras palavras.  Vou toma-las emprestado de um salmista improvável: Moisés. Do salmo 90, que lhe é atribuído. Nele, a fragilidade e brevidade de nossa vida é ressaltada algumas vezes, e inspira vários pedidos: misericórdia, sabedoria, apoio e benção. O salmo nos faz entender que temos pouco tempo para fazer a vida ser valiosa e significativa e muitas possibilidades de engano. Que não podemos nos sair bem sozinhos. Precisamos que esteja sobre nós a bondade do Senhor nosso Deus (v.17). No verso 9 Moisés diz que todos os nossos dias vão-se como um murmúrio – um fluxo de ar que sai sem nem mesmo produzir uma palavra! Quando jovens, a vida parece ser eterna e nós, indestrutíveis. Mas para todos a noite chega. E quando ela chega, fechou-se a janela. Já não poderemos, não estaremos. O presente vira passado e o futuro torna-se prenúncio do fim.

Jesus disse aos seus discípulos: Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. Estaria Ele se referindo ao trabalho missional dele com os doze, e a noite seria a crucificação? É uma leitura possível. Mas ela não exclui outras, como a que nos diz que cada um de nós tem seu dia, seu tempo para trabalhar, para ser melhor, para ser alguém que reflita a beleza pretendida por Deus na criação. Não temos todo tempo do mundo! Não teremos indefinidamente a energia, as possibilidades, as oportunidades. Importante consideramos isso porque estamos vivendo um momento agudo da história. E somos parte dele. O que nos cabe fazer, dizer e ser? Como devemos nos posicionar? É preciso a coragem, disposição e sabedoria de quem conhece o Evangelho e anda com Deus.

Não gosto de julgar os tempos. Acho impróprio comparar o passado com o presente. Cada tempo tem seu próprio desafio. Poderemos nos sair melhor se ouvirmos uns aos  outros e especialmente se ouvirmos Deus. Nosso tempo vai passar. Precisamos abrir o Evangelho e clarificar nossa visão do Reino de Deus. Dele deve vir a inspiração para nossa cidadania e presença na história. Precisamos dobrar os joelhos e levar perguntas importantes para nossas orações. A presença de Deus é um lugar apropriado para pensarmos. O tempo está passando. A noite vai chegar para todos nós. Mesmo quando ainda será dia para outros, nossa noite poderá ter chegado. E aí acabou. Não haverá mais obra, palavra, atitude que nos caiba. Teremos passado. Quem teremos sido quando esse momento chegar? Que nos esforcemos para estar entre aqueles que, como Davi, viveram os propósitos de Deus para sua geração (At 13.36).

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