“Talvez Deus se arrependa e abandone a sua ira, e não sejamos destruídos.” (Jonas 3.9)
Esta foi a declaração do rei de Nínive após convocar todo seu povo para um ato de penitência e arrependimento, como reação à pregação (de má vontade) do profeta Jonas. Embora tenham sido bonitos e notáveis, a atitude de quebrantamento e o sinal de fé que alimentava uma esperança de livramento do rei ninivita revelam pouco conhecimento da graça de Deus. Não podemos julga-lo por isso, considerando seu momento histórico e as perspectivas religiosas quanto a divindades. Mas, e quanto a nós que muito mais do que ouvir Jonas, somos ouvinte de Jesus, o Deus que se fez homem e se revelou a nós? Temos lidado com a vida e conosco mesmos a partir do poder da graça de Deus? Já nos convencemos de que somos realmente amados, amados sendo quem somos e, à luz do juízo que outros possam fazer de nós ou nós mesmos fazermos, apesar de quem somos?
A narrativa de Jonas diz que o rei de Nínive se vestiu de saco e decretou um jejum para todos, inclusive os animais. Uma atitude forte, própria de alguém realmente consciente de pecado, de ofensa contra Deus, de desvio da vontade de Deus. Devemos ser capazes de nos arrepender e manifestar a Deus nosso lamento por nossos desvios e incapacidades. Mas o que nos cura, nos redime, nos tira da condenação e culpa, colocando-nos em um novo caminho de vida é o quanto cremos e perseveramos em crer na graça e amor de Deus. O poder da fé na graça e amor de Deus é o que pode mudar radicalmente nossa história. Com seu ato de arrependimento o rei nutriu a esperança de que, talvez, Deus decidisse desviar deles a Sua ira e poupa-los. Ele não percebeu que o fato de Jonas ser enviado já evidenciava o coração perdoador de Deus, o que o profeta bem sabia e com o que não concordava!(Jonas 4.2) Jesus nos revelou o amor e graça que nos afirmam: Deus decidiu desviar de vocês a ira e os convida a comunhão. Temos crido nisso?
Quanto mais crermos, celebraremos e aproveitaremos a graça amorosa e o amor gracioso de Deus ofertado a nós. Mais seremos fortalecidos para reduzir nossos desvios de Sua vontade, pois não é a intensidade com que nos arrependemos que nos conserta, que nos equilibra para uma vida saudável, mas a grandeza do maravilhamento que experimentamos por nos acreditar amados e acolhidos por Deus, apesar de nossos pecados. No fluxo da vida ensinada por Cristo, não nos consertamos para que Deus possa nos receber em Sua presença e nos permitir comunhão. Mas, ao contrário, somos admitidos graciosamente em Sua presença e em Sua presença somos ajudados a experimentar consertos, ajustes, melhorias e mais vida. Pois, em comunhão com Deus sempre ouviremos, em face de nossa inesgotável fraqueza: “a minha graça te basta!” (2 Co 12.9). Arrepender-se é importante, mas crer na graça e amor de Deus é indispensável. Ele nos ama, nos compreende e acolhe. É isso que muda tudo! A virtude da vida cristã não é resultado da intensidade do arrependimento humano, mas da grandiosidade e do poder restaurador e remidor da graça de Deus.