Talvez o idoso caminhasse apressado, com barulho da rua, naquela hora do dia do tráfego interno e a calçada esburacada e as árvores com as raízes saindo do passeio, minha mãe caiu e quebrou os dentes com seus oitenta e cinco anos, pois não ouviu o ruído seco do sapato contra o piso, e caminhava com o passo mais baixo, pela falta de força muscular.
Mas, o idoso pode assentar o salto do sapato sobre uma casca de fruta ou tropeçar na raiz de uma árvore. Não se produz o pequeno ruído seco do sapato contra o piso; ouve-se, melhor, um chiado um tanto apagado, mas sibilante e, em seguida, percebe-se com nitidez o golpe da massa humana conta o solo. O escorregão, rápido e traiçoeiro, faz perder a linha, a medida, o ritmo, a harmonia. Ao cair, move seus braços como um fantoche. O idoso agora está no chão e sente o ardor da lesão, mas a breve intensidade da dor desaparece. Persistindo apenas na região do golpe, acredito que as sombras, as luzes, e o barulho são fatores para a quebra. Temos que respeitar a nossa fraqueza usando bengala.