Campeão de pedidos de investigações para o Supremo Tribunal Federal (STF) na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) manteve conversas com o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, para receber R$ 50 milhões. A informação consta da delação premiada de Marcelo Odebrecht e foi divulgada neste domingo (19) em reportagem da Folha de S.Paulo.
O acordo entre Aécio e Odebrecht tinha também a participação da Andrade Gutierrez e está relacionado ao leilão para a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em dezembro de 2007. Outras delações complementaram as informações dadas por Marcelo Odebrecht: a Odebrecht se comprometeu a pagar R$ 30 milhões para o senador tucano, enquanto a Andrade Gutierrez faria o repasse dos R$ 20 milhões restantes.
Ainda segundo a Folha, embora fosse um dos principais nomes de oposição ao governo Lula, Aécio, à época governador de Minas em seu segundo mandato, tinha sob seu comando uma das empresas que integravam o consórcio que ganhou a disputa, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). Ainda hoje a empresa de energia é controlado pelo governo mineiro. Aécio tinha, ainda, influência sobre o principal investidor da usina, a empresa Furnas (Furnas é a principal acionista da Santo Antônio Energia, com 39% do capital).
A Odebrecht e a Andrade Gutierrez detêm, respectivamente, 18,6% e 12,4% das ações. Um fundo da Caixa Econômica Federal controla outros 20% e a Cemig tem 10%. A construção da hidrelétrica custou R$ 20 milhões.
Marcelo Odebrecht e outros executivos da empreiteira disseram aos procuradores da Lava Jato que o acerto com Aécio Neves foi feito para que houvesse uma boa relação com as duas sócias da usina sobre as quais o senador tucano tinha influência (Furnas e Cemig).
Em nota, o senador Aécio Neves afirmou que “é absolutamente falsa a pretensa acusação” de Marcelo Odebrecht e que não foi apontado nenhum ilícito que teria sido cometido por ele à época em que era governador de Minas Gerais. O senador rebateu, também, a informação de que os pagamentos seriam classificados como propina e que os delatores sequer mencionam se eles foram pagos.
Nota do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves:
É absolutamente falsa a pretensa acusação. Não é apontado nenhum ato ilícito que teria sido cometido pelo então governador. A licitação da obra da usina de Santo Antônio foi realizada pelo governo federal sem qualquer influência do governo de Minas.
Dentre tantas mentiras que têm sido ditas, talvez essa seja a de mais fácil comprovação
Como consta na matéria publicada pela Folha os supostos recursos, se verdadeiramente mencionados não se referiam a propina e não é sabido sequer se teriam sido pagos
Se a pretensa influência junto a Furnas refere-se à presença na empresa do diretor mineiro Dimas Toledo, basta dizer que o diretor em questão deixou a estatal federal em 2005 e a licitação da usina de Santo Antônio ocorreu dois anos depois, em 2007.
Não é possível que acusações irresponsáveis como essa sejam feitas, aceitas e divulgadas sem um mínimo de comprovação. São vazamentos criminosos que precisam ser esclarecidos.
Assessoria do Senador Aécio Neves