ESTRUTURA Devido à deterioração da rodovia, nem o Samu chega a povoados
A BR-251, que liga Ilhéus a Buerarema, região sul do Estado, a 465 km de Salvador, está deteriorada. São aproximadamente 50 km de total abandono.
Durante todo o percurso, hámato e árvores no meio da pista, faltam acostamento e asfalto, os buracos dificultam a passagem e tambémhá trechos em que só é possível a passagem de um veículo.
Cerca de 12 mil famílias vivem em propriedades rurais na região e dependem da estrada para escoar a produção agrícola, principalmente cacau, graviola e hortaliças.
“A situação aqui é desesperadora, sobretudo quando chove, porque ficamos ilhados e nenhum transporte chegaaqui. Já cheguei a andar 14 km com a feira na cabeça porque o ônibus atolou na estrada”, disse José Raimundo, 67 anos, trabalhador rural.
A estrada é o único acesso para 20 comunidades. De acordo com Jorge Anunciação, presidente da associação de moradores da comunidade do Santo Antônio, o problema persiste há mais de 15 anos e atrapalha a prestação de serviços essenciais, como saúde, educação e transporte público.
Usina “Os prejuízos com a inércia do poder público são vários.
Estamos com a usina de leite dos pequenos produtores de portas fechadas porque não há como escoar a produção.
Temos crianças fora da escola porque o ônibus escolar não chega à comunidade se chover.
E se a chuva durar um mês, a gente ficaummêssem transporte público. Mas o pior problema é que nem mesmo a viatura do Samu atende à localidade”,explicou Jorge Anunciação. Ausina de leite era fonte de renda para a comunidade, que comercializava em Ilhéus cerca de 1.400 litros do produto diariamente. Com a parada, houve um prejuízo aproximado de R$15 mil mensais.
Moradores relatam que já ocorreram casos de morte na região devido à falta de transporte.
“Eu mesmo tive um vizinho que enfartou, nós ligamos para o Samu e a atendente avisou que nós teríamos de descer até o bairro Nossa Senhora da Vitória, mais de 10 km dali, porque a ambulância não tinha condições de chegar aqui no Santo Antônio”, disse o trabalhador José Raimundo.
Além de as ambulâncias não conseguirem chegar ao local, motoristas de táxi não atendem a comunidade. “Se chover, a gente fica ilhado, e mesmo quando não chove a condição da estrada é precária.
Não há asfalto, é só lama e buraco”, afirma o produtor rural Dário Pereira.
“Eu tenho dificuldade tanto para manter minha produção, pois dependede trazer materiais de Ilhéus, quanto para escoar a produção, porque a estrada não oferece a mínima condição de tráfego até Ilhéus ou Buerarema, cidades vizinhas. Se a estrada é ruim, imagine os ramais. Isso aqui éumcalvário”, completa o produtor.
Fonte: Camila Oliveira/ A Tarde