“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.” (Romanos 12.1)
A fé cristã é a fé que valoriza a vontade humana e a coloca diante da vontade divina. É a fé que revela o amor e a graça do Deus, cuja vontade expressa o ideal para a vida humana. Mas há lugar para a vontade humana, pois foi da vontade divina criar o ser humano com vontade própria. E neste mundo temos inúmeras possibilidades para expressar a nossa vontade e por meio dela, fazer o bem, ser bom e honrar a Deus, o Criador. Semana passada refletimos sobre a experiência humana com Deus. E ela não pode acontecer sem o envolvimento da vontade. E é sobre essa vontade que refletiremos essa semana. Para que haja espiritualidade é preciso que haja vontade, capacidade de escolher. E é esse o ponto que divide um dos mais ricos textos do Novo Testamento – a carta Aos Romanos. Paulo chega ao capítulo doze e apela à vontade de seus leitores. Era hora de lidar com a própria vontade e tomar decisões, a luz de tudo que foi dito sobre Deus e sua vontade.
Paulo começa sua carta pintando um quadro a respeito da condição humana. Em sua pena somos pecadores e isso significa que a maneira como orientamos nossa vida e exercemos nossa liberdade está atrapalhada por nossa falta de harmonia com Deus. Ele deixa claro que todos estão nessa condição, judeus e não judeus. “Todos pecaram e se ressentem da falta do divino em suas vidas” (Rm 3.23). Mas o apostolo também afirma que Deus nos amou. Uma decisão divida: amar. E em seu amor agiu a nosso favor. Deu-nos Jesus. Em Jesus podemos ter nossa comunhão com Deus restaurada. “Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). E assim novas possibilidades: uma nova vida se torna possível.
Não deixamos de ser pessoas livres e capazes de escolher. Ao contrário, alcançados pela graça mais que nunca o exercício de nossa vontade se torna indispensável. O Evangelho não cria robores, não gera autômatos! Disse Jesus: vocês conhecerão a verdade e ela tornará vocês livres! (Jo 8.32). Ele nos fez para sermos livres e exercer nossa escolha. É assim que adoramos a Deus: quando, com liberdade, escolhemos andar com Ele e honrá-lo! Só podemos honrá-lo na comunhão com Ele, sob a influência de Sua presença. Ele nos inspira, nos convida, nos pede, nos chama, e nós podemos responder: sim, sim, sim, sim. Assim é a vida cristã: decisões contínuas tendo a vontade de Deus. Mas não somente isso. Também são atitudes, ações e escolhas resultantes de nosso amor, de nossa espontaneidade, para agradá-lo. Além de tantas outras expressões de vontade, que orientam-se para o nosso próprio bem, o bem dos outros e do mundo à nossa volta. Exerça sua vontade. Faça-o para o bem. Faça-o sob a influência da presença de Deus! Que haja cada vez mais harmonia entre sua vontade e a de Deus!