A vontade de Deus e meu ego

“Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu.” (Romanos 12.3)

Deus tem uma vontade a respeito de nós, do nosso ego, de como devemos cuidar dele. E talvez o princípio de todas as vontades de Deus para nossa vida dependa de como lidamos com nosso ego. Ego que, em alguns de nós, foi oprimido, massacrado, abusado, ao ponto de fazer do eu uma vergonha, alimentando um sentimento amargo de desvalor. O que chamamos de baixa autoestima. Um estado gerador de culpas constantes e tristezas que tornam qualquer felicidade algo muito breve. “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” Desenvolvemos uma visão negativa da vida, porque é negativa a visão que temos de nós mesmos. Um ego diminuto, subumano, que nos impede de dar o melhor de nós a Deus pois não há melhor em nós, ao nosso próprio olhar. Mas o ego também pode tomar proporções hipertrofiadas, um ego que não cabe em nós mesmos. Não cabe em relacionamentos saudáveis, que não aprende o valor e o respeito pelo outro. Que pensa ser o que está longe de ser e acredita-se firmemente ser melhor que os demais. Um ego incapacitado para a empatia, que só reconhece a própria imagem.

A vida religiosa, dependendo de sua teologia, produz os dois tipos adoecidos de ego. O diminuto frequentemente nos fieis e o hipertrofiado frequentemente nos líderes. Um quadro ideal para a exploração e o abuso. Para um tipo de relação entre vítimas e heróis, entre profanos e sagrados, cada lado alimentando o pior no outro. Pode parecer absurda ou cruel essa crítica, mas observe o ambiente religioso representado nos diversos espaços públicos (igrejas, televisão, rádio, etc.) e perceberá que não é assim tão absurda ou cruel. Isso tudo precisa se resolver com o querer de Deus para nosso ego. Paulo compreendeu que a vontade de Deus é que sejamos equilibrados. Que não alimentemos conceitos equivocado a respeito de nós mesmos ou do próximo. Mas precisa começa em nós ou conosco. Ele quer que sejamos equilibrados nos juízos que fazermos a respeito de nós mesmos. Isso é fundamental para que tenhamos uma atitude equilibrada para com o próximo. E esse equilíbrio deve estar de acordo com a fé que Deus concede.

Em outras palavras, esse equilíbrio é fruto de nosso relacionamento com Deus. Um relacionamento verdadeiro e não apenas uma vida religiosa. Quanto mais nos aproximamos de Deus, quanto mais apresentarmos a Ele a nossa vontade em submissão, o nosso ego, tanto mais e profundamente o conheceremos (experimentaremos) e seremos curados. Curados do que nos desfigura, nos adoece corrompendo nosso ego. E ao corrompê-lo, corrompe tudo mais. Não pense de si mesmo além ou aquém do que deve, segundo a fé que tem no amor de Deus. Arrependa-se tanto da autocomiseração, da vitimização, da desvalorização, vergonha e culpa quanto do orgulho, presunção e ideias de grandeza sobre si mesmo. Escolha diariamente olhar-se procurando contemplar a Cristo e confiando em seu amor, imitando seu serviço e humildade. Que sua grandeza seja de natureza tal que o iguale a todos os demais. Que sua fraqueza seja de tipo que é perfeitamente amparada pelo poder de Deus. E assim você ouvirá com a constância necessária: a minha graça te basta! (2 Co 12.9). E não se acomodará mais à miséria da vergonha ou aos enganos do orgulho. E será uma benção!

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