“Indo um pouco mais adiante, prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela hora.” (Marcos 14.35)
Orar é um grande privilégio. Orar é estar diante daquele que tem todo poder, cuja decisão não pode ser contrariada. Haveria alguma coisa difícil para Deus? Foi a pergunta de anjos a muitas pessoas na narrativa bíblica. Uma delas foi Maria, a quem foi anunciado que seria a mãe de Jesus. Podemos aceitar tudo isso sobre Deus, Seu poder e irresistibilidade de Sua vontade. Mas há algo que nos perturba: a vontade de Deus. Quando Deus não faz o que esperamos duvidamos de Seu caráter, o que, em última análise, significa duvidar de Sua existência. Pois se concebermos que Ele existe mas que não é bom, comprometemos totalmente nossa ideia sobre Deus. Aí já não seria o Deus que procuramos em oração, pois o fazermos acreditando em Sua bondade.
Outro problema que a vontade de Deus nos causa é que duvidamos de Seu amor por nós. Talvez Ele até exista e seja todo poderoso e bom, mas não para mim. E mais uma vez fica comprometida nossa oração, pois oramos porque acreditamos que somos importantes para Deus, de que Ele nos ama. A experiência do Getsêmani nos chama para uma fé no Deus que tudo pode, no Deus que nos ama e é bom, mas que pode não fazer o que lhe pedimos. Ainda que o façamos movidos por nossos mais intensos anseios e convictos de que é justa a nossa súplica. Quando isso acontece ficamos confusos e vivemos a dor intelectual, as vezes emocional e a confusão espiritual de não compreender a atitude divina. Mas ainda assim o desfio é confiar, é crer.
Ninguém jamais orou como Jesus. Ele sabia exatamente a quem estava orando. Ao Pai, ao Deus Todo Poderoso. Ele sabia que era o Filho Amado. Ele não tinha culpas próprias a temer. Aquele era um momento assustador. Ele estava se sentindo frágil e solitário. Ele orou com todo Seu ser, com toda Sua alma. Jamais oraremos tão apropriada e intensamente como Jesus orou. Ele queria que, se possível, aquele momento fosse afastado dele. Qual a impossibilidade? A vontade do Pai. Este era o único e final impedimento ao Seu pedido. Sabemos o restante da história. Crer em Jesus e ser um cristão nos colocará diante desse desafio de fé: confiar na perfeita vontade de Deus ainda que ela nos pareça completamente sem sentido e signifique que a dor de que queremos nos livrar, permanecerá!
ucs