A semente na boa terra

“Outra ainda caiu em boa terra. Cresceu e deu boa colheita, a cem por um”. (Lucas 8.8a)

A parábola do semeador contada por Jesus nos apresenta uma proporção preocupante: para cada solo que faz o papel da boa terra, há três outros com problemas, nos quais a semeadura não chega a bom termo. Foi Jesus mesmo quem também nos alertou: “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram.” (Mateus 7.13-14). Ser a boa terra ou ser as outras não é algo a que simplesmente estejamos destinados. Se Deus tem semeado em nossas vidas é porque deseja que sejamos frutíferos. Mas será preciso ceder à semente e cuidar da planta.

O Reino de Deus pode perder-se em nossa vida ainda semente. Semeado em nós, pode ser deixado de lado sem jamais nos comprometermos com ele. É a semente a beira do caminho. Pode chegar a germinar, podemos desejar o compromisso e inicia-lo, mas ele exigirá reposicionamentos e isso pode nos parecer demais. É a semente entre pedras. Pode germinar e chegar a ser planta, mas entre cuidar de um pomar que gere frutos e uma fábrica que produza coisas, podemos preferir a fábrica. É a semente que sufoca diante das preocupações com riqueza e prazer. Mas a semente tem uma vocação: chegar à nossa vida, germinar, virar planta e produzir frutos. Isso exige entrega e submissão contínua a Cristo. É preciso que sejamos a boa terra.

Na medida em que o Reino lança raízes, suas plantas se fortalecem e produzem frutos em nós, encontramos nosso lugar nesta vida, guiados pela certeza de que já não dependemos deste mundo e de suas promessas. Os frutos gerados revelam que somos cidadãos dos céus e exatamente por isso podemos ser cidadãos melhores para a terra. O Reino em nós não nos coloca em fuga da vida, mas em missão nela. Nos envia para dentro da vida como sal e luz do mundo (Mt 5.13-14). O Reino não nos distancia das pessoas mas nos ensina a ser para elas companheiros, amigos, socorro e apoio. Pois o Reino que produz frutos em nós, nos faz frutos cheios de vida para um mundo faminto e vazio de sentido. Que terra temos sido para as sementes do Reino de Deus? Onde estão os frutos?

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