A porta estreita

“Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela.” (Mateus 7.13)

A porta estreita. Quem nunca ouviu sobre ela? Você a reconhece? Tem passado por ela? Não estou certo se a compreendemos corretamente. Muitas vezes pensamos nela a partir de nós mesmos. Temos nossas ideias sobre Deus e sobre a vida e criamos a nossa própria “porta estreita”. E por ela passa o que atende a nossa consciência. As vezes fazemos dela uma porta que tem as medidas exatas das exigências de nossa igreja. É estreita para certos pecados que nos causam escândalo e certas atitudes que julgamos inaceitáveis a Deus. De outra perspectiva, também podemos errar aplicando a porta estreia apenas à vida do outro. Em todos esses casos corremos o risco de estar confundindo a porta estreita de que fala Jesus, com a porta estreita de nosso coração, de nossa consciência. Com a porta estreita da visão que temos de Deus e do Evangelho. Pensando nela, olhamos para os outros, para os “de fora”, para os que “gostam das coisas do mundo” e para os que ousam questionar as coisas sagradas que tanto reverenciamos, e assim os vemos distantes de Deus.

Mas a vida no Reino e pelo Reino é, na verdade, um constante entrar pela porta estreita para todos nós. A experiência com o inesgotável amor de Deus, com sua graça e bondade, nos coloca diante da porta estreita diariamente. O abraço de Deus é largo e amplo mas, inegavelmente, nos desafia a escolher a porta estreita pela qual não passam nosso orgulho, nossa hipocrisia, nossa justiça própria e tantas outras coisas próprias de nossa humanidade caída e nossa religiosidade sem espiritualidade. Pela porta estreita do Reino não passam o amor ao dinheiro, o amor ao poder, o orgulho religioso, o preconceito que classifica e despreza pessoas. Não passam também a falta de misericórdia, a falta de generosidade, a santidade farisaica que alimenta o orgulho e que torna o coração duro. Essas coisas passam facilmente pelas falsas portas estreitas que criamos. Elas normalmente são largas o bastante para a presunção humana e pequenas demais para a graça divida.

Quando andamos com Jesus, somos conduzidos à verdadeira porta estreita em inúmeros momentos e diante dela temos que abrir mão de ideias, posturas, atitudes e comportamentos. A porta estreita do Evangelho é sempre algo que vemos diante de nós e não dos outros. Diz respeito à nossa própria vida e não à vida do nosso próximo! Pois ela não é critério para julgarmos a vida dos outros, mas um discernimento para mudarmos a nossa. Não pode ser usada contra ninguém, senão contra nós mesmos. Jamais saberemos com certeza se os outros passaram ou estão passando por ela. Só podemos saber sobre nós mesmos. Se temos nos submetido ao Espírito Santo diante dela. Como saber? Toda vez que passarmos por ela, pela porta estreita do Evangelho que nos conduz à vida, diminuiremos, reconheceremos mais nossa fraqueza, nos converteremos mais ao amor, ao serviço, à misericórdia, à justiça. Morreremos um pouco mais para nós mesmos e viveremos um pouco mais para Deus. Não tenha medo da porta estreita. Tenha medo da visão estreita que oculta a beleza e amplitude do Evangelho de Jesus.

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