“Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe” (Adágio popular)
Imagine-se o estado de espírito de um brasileiro que, por conta de trabalho, estudos ou entretenimento, se encontre na Europa ou em outra parte do mundo e, no seu dia a dia, seja solicitado a comentar sobre os deslizes, os “malfeitos” e as maracutaias divulgados dia sim, dia não, na mídia nacional e estrangeira, por conta das investigações a envolver a administração pública nacional e seus atores. É mesmo de doer, em conseqüência, a autoestima e fustiga a dignidade de qualquer um!
Relembrando um pouco: de início, em 2007, o “Mensalão”, à época posto em descrédito pelos detentores do poder e seus apaniguados que se julgavam injustiçados por conta de julgamento sem provas efetivas e cerceamento à defesa, conforme apregoavam.
Agora, após um ano da “Operação Lava Jato”, levantado o véu da corrupção em escala monumental, vê-se que “o Mensalão” foi, simplesmente, uma “marolinha” ao se comparar ao tsunami representado pelo “Petrolão” – duto construído pela engenharia e artimanhas de corruptores e corrompidos – que, instalados no poder, se locupletaram, desviaram bilhões de reais para fins marginais, tráfico de influência, visando a manutenção do status quo e do enriquecimento ilícito.
Claro, em qualquer parte do mundo, há os que roubam, mentem e se organizam em estruturas ditas marginais e que desservem a sociedade. No caso brasileiro, à luz de tudo que se tem divulgado, é lícito se afirmar: a sordidez instalada superou todos os recordes e estabeleceu monumental sistema de corrupção jamais antevisto na história nacional, por sua estrutura, propósitos e desvios de recursos públicos.
Hoje, para aqueles de senso crítico e avessos à corrupção, há uma guerra que precisa ser declarada entre os do bem e os do mal, com total transparência, num passar a limpo pelos que respeitam o direito do próximo e as falcatruas dos demais corruptores e corrompidos. Não há caminho outro a ser percorrido, nem ponto fora da curva a ser analisado e considerado.
No mar de lama perpetrado por políticos et caterva em que singra a nau dos vendilhões capitaneada por insensatos a justiça a ser feita, no mínimo, corrigirá rumos e destinará aos malfeitores o disciplinamento posto na ordem jurídica, mesmo que os ardilosos do poder, os representantes e defensores dos “injustiçados”, continuem a propalar que nada sabiam, sempre agiram corretamente, acusando a elite e a imprensa por criarem e a propalarem inverdades.
Assim – àqueles interessados – sugere-se esclarecer: a sociedade brasileira despertou que segmentos do poder judiciário e da imprensa estão atentos e fazendo, cada um, a sua parte no enfrentamento do sistema instalado e que o desvelamento da corrupção apenas se iniciou e que muito caminho haverá, ainda, a ser trilhado.
Afirme-se, ainda, que a sociedade brasileira não aceita os “malfeitos” e seus atores e que, a cada dia, cresce a indignação popular e o desejo por mudanças no sistema político em geral, nas práticas da administração pública e a continuidade da luta por um País socialmente mais igual e justo, registrando-se a saudável contribuição da população jovem ao assumir cada dia papel destacado por melhores dias ao lado da participação de outros segmentos sociais.