“Também guarda o teu servo dos pecados intencionais; que eles não me dominem!” (Salmos 19.13a)
Pecados intencionais. Davi pediu socorro a Deus pois ele sabia que pecar não era um ato involuntário ou algo que alguém o forçava a praticar. Ele era capaz de escolher o pecado. Mesmo conhecendo a lei de Deus e reconhecendo tantas bençãos que a obediência e submissão ao padrão divino poderiam representar, ainda assim ele era capaz de escolher o pecado, seduzido por um ganho ilusório. Nem tudo que reluz é ouro, mas somos facilmente atraídos pelo brilho do pecado. Esse é o tamanho da nossa fraqueza. Esse é o nosso potencial para o mal. E isso nos dá uma ideia da grandiosidade da graça divina. Deus não nos recebeu como filhos pensando que seríamos capazes de cumprir os requisitos. Ele sabe o significado da queda e como fomos afetados. Penso que Gerson Borges traduziu de maneira bem apropriada nossa condição na canção Meditação.
Sua poesia diz: “Não é de vez em quando que eu peco. Não é de vez em quando que Deus me perdoa. Eu sou pecador e Deus é amor! Não é que eu não queira a santidade. Não é que eu não queira viver de verdade. Eu sou pecador e Deus é amor.” A graça é o lugar do encontro de pecadores contumazes com o Deus amoroso. Andamos discutindo o custo da graça. Graça barata ou cara. Dietrich Bonhoeffer no livro Discipulado trouxe essa perspectiva que alguns hoje exploram. Mas, ao meu ver, substituindo a perspectiva do autor pelas próprias e, na tentativa de valorizar a graça, a tratam de modo corrompido. O que lhe convido a fazer quanto a suas fraquezas e sua condição como pecador é reconhecer que é capaz de cometer pecados de muitos tipo. Inclusive os intencionais. E talvez os tenha cometido nos últimos dias. Confesse-os e peça perdão. Mas não fique apenas na confissão. Dê mais um passo.
Como Davi, ore pedindo socorro a Deus. É nossa responsabilidade lidar com nossas fraquezas e inclinação para o pecado. E temos a benção de contar com a misericórdia de Deus. Ore diariamente pedindo que Ele lhe guarde dos pecados que tão bem conhece, mas nem sempre evita. E faremos bem se compreendermos que agressividade, ira, egoísmo, fofoca, mesquinhez, intolerância, preconceito, insensibilidade, são também pecados a serem confessados e evitados. Que, ajudados por Deus, mesmo fracos, não sejamos dominados pelos pecados intencionais. Que, conscientes de nossa fraqueza, sejamos revestidos da força própria da graça. Pois, como disse Paulo, o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. E fraqueza, querido irmão e irmã, é o que não nos falta. Jamais perca a consciência de sua fraqueza, para que não perca de vista a grandiosidade da graça e experimento o poder que nela temos para vencer o pecado. Que Deus lhe guarde dos pecados intencionais.