“Pois sou o menor dos apóstolos e nem sequer mereço ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou…” (1 Coríntios 15.9-10a)
Sim, a graça reinterpreta a vida. Faz-nos ver fatos por novos ângulos e viver por novas perspectivas. Por isso, Paulo declarou: sou quem sou por causa da graça. O sentido das palavras de Paulo são: eu não poderia jamais ser aceito como um apóstolo, pois minha biografia depõe contra mim. Eu não passaria nos critérios. Eu não tenho a ficha limpa. Mas, pela graça, vim a ser apóstolo e sou o que sou, pela graça.
A graça não pode fazer isso por nós no reino dos homens. Nossos crimes podem manchar para sempre nossa reputação e nos desqualificar por toda a vida aqui. Não há recursos no reino humano para pessoas que fracassam. Mas no Reino de Deus é diferente. Por causa do Reino e da graça que impera no Reino, podemos viver vidas novas.
Pode ser que pessoas não compreendam, nos julguem, jamais confiem. Podemos ter que enfrentar consequências, mas, interiormente, em nossa relação conosco mesmos e com a vida, em nossa relação com a igreja, a comunidade dos que vivem sob o regime da graça, o passado pode ser superado. Na graça sempre há espaço para quem fomos e para quem somos. Não somente para o passado, mas também para o presente e o futuro. Vivemos no Reino de Deus sob a garantia da graça! Pela graça podemos viver no Reino por sermos amados e não por termos alcançado a conformidade.
A igreja é o lugar no reino dos homens em que a graça deve imperar. A graça não pode ser compreendida pelo reino dos homens. Por isso, a igreja não deve estar sujeita ao julgamento do reino dos homens. Por causa da graça a igreja é igreja e ela não presta constas ao reino dos homens, mas ao Senhor da Graça. Por isso a igreja que vive da graça e na graça é o lugar dos imperfeitos, um lugar seguro para pecadores. A graça renova tudo. Precisamos amadurecer, na graça.
Se escolhermos depender ou nos sustentar com base em nossa biografia, por melhor que seja, teremos caído da graça (Gl 5.4). No Reino da Graça a presunção e a culpa são igualmente ruins. No Reino (e na igreja), pela graça que se vive. E, pela graça, se aprende e se ensina a reinterrpretar a vida!