A Fé que existe

“Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único filho.” (Gênesis 22.11-12)

Esta foi a palavra do Anjo do Senhor a Abraão. Destaca-se nela o fato de Deus, que tudo sabe, dizer que somente após a obediência de Abraão é que soube que ele O temia. Em certo sentido, por sermos seres do tempo, até que realizemos algo em função do que cremos nossa fé não tem história, não nos constitui, não existe. O que somos depende do que fizemos e não do que poderíamos ter feito ou gostaríamos de ter feito. Nossas intenções para o amanhã têm valor, mas precisam acontecer ou perdem completamente o valor. Nossa fé em Deus também está envolvida nesta dimensão. A fé que não produz escolhas, ações, atitudes, compromissos, simplesmente não existe. Na linguagem de Tiago, está morta (Tg 2.26).

O temor a Deus é o reconhecimento de quem Ele é e a submissão a Ele. O temor a Deus é uma expressão de fé, assim como a confiança. Abraão temeu a Deus como quem tinha o direito de lhe pedir qualquer coisa, inclusive seu filho. Ele certamente gostaria de dizer “não” a Deus, mas sua fé o levou a dizer “não” a si mesmo. Por isso é nosso pai na fé. Sua atitude deve nos inspirar. Mais facilmente pensamos na fé como algo para levar Deus a agir em nosso favor e não para nos levar a agir em favor de Deus. O foco é a nossa vontade, não a de Deus. Mas isso é um desvio.

Nossa fé deve nos levar a fazer mais a vontade de Deus do que esperar que, por causa dela, Ele faça a nossa. A fé que pretende levar Deus a fazer o que queremos é a mãe do desvio espiritual e da corrupção religiosa. A fé de quem segue a Cristo deve ser como a fé de Abraão. A vida no Reino de Deus estabelece um padrão que devemos seguir: amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a nós mesmos. Desse padrão derivam-se muitos deveres envolvendo ética, justiça, sinceridade, fidelidade, mansidão, equilíbrio, pureza, domínio próprio e tantas outras coisas. Para crescermos nessas virtudes precisaremos dizer “não” a nós mesmos todas as vezes que desejarmos fazer algo que contraria qualquer delas. É assim que nós e Deus poderemos saber se, de fato, tememos ao Senhor. Nossa fé deve existir.

 

 

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