“Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galiléia, proclamando as boas novas [evangelho] de Deus. O tempo é chegado, dizia ele. O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!” (Marcos 1.14-15)
Há três coisas muito importantes na experiência de fé cristã. Elas aparecem nessa apresentação que Marcos faz do ministério de Jesus em seu evangelho: o tempo, a percepção do Reino e a dupla resposta humana à manifestação divina: arrependimento e fé. O tempo é muito importante na fé cristã. As Escrituras nos advertem a não endurecer o coração diante da oportunidade de nos submeter a Deus. “Hoje, se vocês ouvirem a sua voz [de Deus], não endureçam o coração” (Hb 3.7-8). Nossa resistência a Deus sempre cobrará seu preço e, seja lá o que acreditávamos ganhar com isso, perceberemos, por fim, que perdemos. Por falta de atitudes, a semente em nós semeada por ser roubada, como ensina a parábola do semeador.
A percepção do Reino de Deus refere-se à benção de compreendermos que Deus veio a nós, que entrou em nossa história e que nos convida à comunhão. Comunhão só é possível quando nos relacionamos por amor, e não por interesse. Deus nos amou e aproximou-se em Cristo. O Reino de Deus está agora próximo, tornou-se acessível a pecadores. A porta está aberta! Jesus é a realização de tudo isso. A vida cristã não é a prática de uma religião, mas a experiência de ser habitado pelo Reino de Deus, estar comprometido com ele e viver influenciado por seus princípios e valores. Sob o governo de Deus na pessoa de Jesus Cristo de Nazaré, tudo se faz novo!
O arrependimento e fé são a resposta indispensável à manifestação de Deus, à proximidade do Reino. São sempre necessários, por toda nossa jornada como seguidores de Cristo. É assim que o Reino de Deus vai nos habitando e nos redefinindo como pessoas, na medida em que o tempo passa. Numa experiência de viver “sempre melhorando no Senhor”, como dizia a velha canção. Pelo arrependimento e fé nos quebrantamos para amadurecer, até que nossas atitudes façam lembrar o próprio Cristo, sendo expressões vivas do evangelho que nos alcançou e sinais históricos do Reino que nos envolveu e nos habita. É assim a experiência cristã e por isso, sempre maior e mais profunda que a vida religiosa.