A correria é amiga da imperfeição, e não tem sido amiga dos teixeirenses

A correria é amiga da imperfeição, e não tem sido amiga dos teixeirenses
Paulo Américo Barreto da Fonsêca, advogado e ex-Procurador Geral do município de Teixeira de Freitas. Foto: Acervo Pessoal

Sabemos que “a pressa é inimiga da perfeição” e que “o apressado come cru”. O Governador da Bahia incorporou o apelido de “Rui Correria”, para apresentá-lo como trabalhador e dinâmico, que corre e anda por toda a Bahia. Recentemente escrevi sobre a decisão do “Rui Correria” em construir um Hospital nos “fundos” da Rodoviária de Teixeira de Freitas. Discordei do local escolhido porquê: a) Hospital de grande porte em área central e predominantemente residencial; c) transtornos ao trânsito local; d) impossibilidade de ampliações futuras; e) descarte de área doada (0800) 5 vezes maior. Mas, sou a favor do Hospital.

O equívoco da decisão se confirmou ao ser divulgado que será necessária a demolição da atual Rodoviária, pois a área escolhida é insuficiente. Esse “equívoco” é fruto da correria ou do mal assessoramento, ainda mais uma decisão não debatida com a população e/ou com os poderes municipais constituídos. Ficou claro que é o Governador “Rui Correria” quem manda na Bahia, quem manda em Teixeira de Freitas, quem faz o que quer e o que não quer, e ponto! Debater com a população para quê? Perda de tempo, deve ter concluído.

Porém, um outro problema se apresentou, pois técnicos asseguram que a Cidade poderá ter nova área de alagamento “padrão Shopping Teixeira Mall e imediações”. Os “antigos” da Cidade sabem que ela, embora plana, possui baixadas e “bacias pluviais” que em épocas de chuvas formavam pequenas lagoas, mas, foram aterradas. A da atual Rodoviária é uma delas. O desnível da área do futuro hospital em relação a outros pontos, como Av. São Paulo, pode ser de até 12 m. “Água é morro abaixo”, se diz. Moradores do Bairro Bela Vista e Comerciantes da Rua da Pituba se recordam como eram os alagamentos antes das obras de drenagem e pavimentação do “PAC2”. Mas, e fora da área do Hospital, no seu acesso e entorno, quais obras serão realizadas para a recepção das águas das chuvas e a evitar possíveis alagamentos? O que será executado de pavimentação e para organização do trânsito? Um doce a quem souber!

Soube que custará uns R$7.000.000,00 somente para demolir a atual Rodoviária. E quanto custará para se construir uma nova, já que nem o terreno dispõe e terá de comprar, e depois licitar para contratar a construção? Na correria? Coisa boa não está sendo reservada aos Teixeirenses. Na vida privada, a pressa que pode resultar na imperfeição prejudica ao particular, o ousado ou imprudente. Na gestão pública, a correria pode resultar em prejuízos à população, em desperdício de dinheiro público, na ineficiência dos serviços.

Com 7 anos de mandato e várias passagens pelo Extremo-Sul, “O Correria” esqueceu de dialogar com população e com os agentes diretamente interessados na construção do Hospital e de uma nova Rodoviária, tomando medidas apressadas que impactarão negativamente toda a população Teixeirense, especialmente quanto a mobilidade urbana (trânsito) e logística.

Seria bom se o Ministério Público se interessasse pelo tema, e ao menos requisitasse informações sobre os projetos e as licitações para os dois equipamentos, vez que o Prefeito Municipal, que é quem deveria “mandar” na Cidade, “se faz de cego e parece ter ouvido de mouco”, pois, por suas notas na imprensa parece não se importar com o que está ocorrendo. Ah, esqueci: “é o Governador ‘Rui Correria’ quem manda em Teixeira de Freitas, e ponto!”

Por Paulo Américo Barreto da Fonsêca, advogado e ex-Procurador Geral do município de Teixeira de Freitas

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