A ARTE DE SEGUIR

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão.” (João 10.27-28)

Seguir a Jesus é uma das expressões mais tradicionais e bíblicas do repertório cristão. Se somos cristãos, somos seguidores de Jesus. A ideia de seguir remete-nos ao discipulado. Discípulo é aquele que recebe instrução de um mestre, mas sobretudo, é alguém que aprende por convivência, por imitação. Dai a metáfora de seguir os passos. Jesus convidou pessoas para segui-lo. Disse a Pedro, João e Tiago: sigam-me e farei de vocês pescadores de homens (Lc 5.9-11). Ele disse o mesmo a Mateus, o cobrador de impostos (Mt 9.9). Ele avisou que segui-lo exigiria negar a si mesmo! (Lc 9.23). Mas também disse o quando seria bom seguido, pois seu julgo é suave e seu fardo é leve. Em lugar de peso e cansaço, seus seguidores encontrariam descanso (Mt 11.28-30). Tudo isso faz parte da experiência de seguir a Jesus. Mas, uma coisa é certa, não o seguiríamos sem que Ele próprio nos ajudasse para que pudéssemos segui-lo.

Eis um de nossos problemas: acreditamos demais em nossa competência espiritual. Somos todos iguais, somos como Pedro, Tiago, João e os demais. Fomos chamados a seguir a Jesus e facilmente pensamos que chegou o momento em que podemos fazer isso por nós mesmos. Claro que, quando aceitamos o fizemos entendendo nossa necessidade e incompetência. Mas muito rapidamente mudamos de posição. Uma vez incluídos no rebanho do Bom Pastor passamos a ser visitados (e as vezes dominados) por ideias de grandeza, de mérito. Aconteceu com os apóstolos! Entramos pela graça, mas estabelecemos critérios para que outros entrem. Fomos levados para dentro do Reino graciosamente, por amor e misericórdia, mas instalamos o Reino no alto de um monte e agora para chegar lá será preciso escalar a montanha da meritocracia espiritual. Tudo vai se complicando, quando deveria permanecer simples. Entendemos muito pouco da suficiência de Cristo e perdemos de vista muito rápido nossa insuficiência. Jesus nos encontrou, nos chamou para si. Pela fé fomos aceitos. O que devemos fazer é viver dessa graça e dessa fé e não nos desviar delas.

Seguir o pastor exige que a ovelha permanentemente o ouça, sinta sua presença. O pastor jamais deixa as ovelhas por conta própria. Elas não tem competência para acharem o caminho por si mesmas. Admiro-me das vacas. Elas aprendem os caminhos e os percorrem sozinhas. Algumas, ao darem cria, dizem os entendidos, escondem o bezerro e o vaqueiro precisa segui-la para encontra-lo. Ela sabe o caminho e o vaqueiro não. Vacas tem um bom senso de orientação. Ovelhas não. É o Pastor que sabe o caminho. Não é sem razão que a metáfora do Reino de Deus envolve ovelha, esse animal tão incompetente. Precisamos aprender a estar com o Bom Pastor. Ele sabe quem somos. Mas a nós falta conhecimento, competência e força. Saber isso nos coloca no caminho do amadurecimento. Ser maduro não significa saber o caminho e poder seguir sozinho. Significa conhecer e prestar atenção no Pastor, e sempre segui-lo.

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