Hamilton Farias de Lima professor universitário
“Não devemos de forma alguma preocupar-nos com o que diz a maioria, mas apenas com a opinião dos que têm conhecimento do justo e do injusto, e com a própria verdade”, Platão (427 a.C. – 347 a.C.).
Tornou-se lugar comum, nos tempos atuais, discussões a envolver os mandatários e demais componentes do mundo político local ou nacional, em todas as esferas de suas presenças, cujas análises, ao final, ensejam avaliações de franca e, por vezes, total reprovação, acrescidas de inegável descrédito por conta das execráveis condutas de grande parte de suas excelências.
Por conta deles, a democracia representativa ora presente no sistema político brasileiro, consoante a Carta Magna de 1988, não vem guardando correspondência com os sonhados e elevados propósitos daqueles que, em sequência ao movimento das “Diretas Já”, elaboraram a “Constituição Cidadã”, a partir de então, tão solene e acaloradamente proclamada.
Numa interpretação simplificada e linear, um ordenamento legal de natureza “cidadã” pressupõe todo um conjunto a envolver questões de direitos e, claro, obrigações, para uma sociedade plural, mais igualitária, num plano de democracia plena e de liberdades abrangentes, superando históricos “ghettos” e “apartheids” como os aflorados, até então, na sociedade brasileira.
Isto, infelizmente, não tem sido o caminho trilhado pela representação política tupiniquim atual que, de forma negativa e jamais vista na história republicana brasileira, está dando verdadeiro show de atividades politiqueiras, contrariando os mandamentos da Constituição que juraram cumprir, usando as formas mais rasteiras, descompromissadas e desrespeitosas com a ética nos seus desvaríos de poder, em que princípios e os valores mínimos da decência sequer são observados, pois, empedernidos amorais.
A política, no conceito do corretamente administrar os bens e recursos públicos, constitui-se verdadeira arte, mas, em contraposição, a politiquice é a arte politiqueira ou da politicagem, rica de hipocrisia, do discurso fácil, sofismático e, portanto, demagógico, em que a defesa de interesses próprios ou de grupos sobrepõe-se às prioridades da sociedade, contrariando os mandamentos da gestão da coisa pública (res publica) e gerando os desvios que atentam contra a ética, seus princípios e valores.
Vigilante e atenta, a consciência cidadã repugna a politicagem, os ataques ao Erário, os “balcões de negócios” que nutrem seus famélicos e deletérios apetites. O cidadão, de forma natural, apropria-se e aplica, no plano do real e metafórico, o constante da Terceira Lei do físico e matemático Isaac Newton, conhecida ainda como “principio da ação e reação”, quando se opõe aos desmandos ora reinantes.
É a consequência materializada da insatisfação, da consciência cidadã, daqueles que comungam por caminhos outros divergentes, considerando-se que “A toda ação sempre há uma reação de mesma intensidade e direção, porém sentidos opostos”, como preconiza a lei newtoniana.
Vê-se, pelo exposto, a dicotomia: de um lado a sociedade que busca se afirmar com fundamento no ordenamento jurídico vigente, pela aplicação das normas com fins sociais os mais elevados e justos, como os preconizados pela ética e moral, e do outro lado aqueles da politicagem implantada como meio de vida e de espúria formação patrimonial.
Reflita-se, pois, em causa da consciência verdadeiramente cidadã!