1800 comparecem ao 13° Fórum AWID na Bahia para debater um futuro comum até o dia 11

Feministas, defensoras de direitos e mulheres de diferentes raças, etnias, nacionalidades e culturas tomam conta da Costa do Sauípe


Salvador, 10 de setembro de 2016. Sob as bençãos de Mãe Jaciara, um ícone da luta contra a intolerância religiosa, e com a invocação da deusa Oxum, do amor, da beleza e da diplomacia, foram iniciadas as atividades do 13° Fórum Internacional de

AWID, que acontece na Costa do Sauípe, na Bahia, até o próximo domingo, dia 11. 

Sob forte emoção falaram Myrna Cunningham, presidente do Conselho Diretor da AWID e representante do Fórum de Mulheres Indígenas, que relembrou Audre Lorde, a consagrada escritora caribenha-americana, feminista radical e ativista dos direitos civis. Ela ressaltou não existir luta de um só tema porque as vidas das mulheres não são de tema único.

“Queremos construir um poder coletivo e com enfoque interseccional para que a ação coletiva sirva a todos e a todas os oprimidos e as oprimidas. O panorama político está cada vez mais complexo e polarizado e reflete as tendências globais de crescimento do fascismo, da xenofobia, do racismo e do nacionalismo. O paradigma econômico dominante baseado em um modelo extrativista faz aumentar as diferenças sociais e devasta as culturas e a natureza”, complementou lembrando também de quão danoso é o fundamentalismo religioso.

Myrna também anunciou uma mudança na Secretaria Executiva do Fórum. Com a saída programada há dois anos de Lydia Alpizar, a AWID decidiu buscar novas lideranças dentro da instituição e optou pelo modelo de co-gestão que será levado adiante por Cindy Clark e Hakima Abbas a partir de janeiro de 2017.

Em seu discurso, Lydia Alpizar, atual diretora Executiva da AWID, destacou que quase 900 pessoas receberam apoios para estar no Fórum garantindo a maior diversidade possível no evento.

Ao longo do dia, o Fórum foi se transformando em um enorme palco de convergência. Meio Ambiente, despatologização, tecnologia e movimentos sociais, mulheres indígenas, direitos reprodutivos, Primavera Árabe e a violência contra as mulheres e movimentos jovens LGBTQI foram alguns dos primeiros temas do evento que até domingo terá realizado mais de 450 debates.

Despatologização

O conceito não é novo. Porém, só agora, em todo o mundo, cresce o movimento em favor de uma revisão dos parâmetros médicos utilizados para qualificar como “doentes” pessoas transgênero ou com formas estéticas que não sigam o padrão aceito normalmente pela mídia e pela sociedade.

“Pessoas gordas são necessariamente doentes? A OMS flutua entre criticar a gordura como uma enfermidade e este é um ponto de discriminação. Há diversos motivos porque uma pessoa é gorda e nem sempre é por motivos como excesso de comida”, comenta Laura Contrera, ativista argentina.

Ela ressaltou que é preciso encarar o problema de frente e analisar que, muitas vezes, as pessoas mais gordas são as mais pobres, o que é um indicador de má alimentação e talvez outros problemas. Laura questionou ainda o uso do IMC como padrão de medição para qualificar uma pessoa gorda.

Já para Viviane Vergueiro Simataua, ativista transgênero que também participou dos debates sobre despatologização, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, pois existem muitos códigos médicos que definem trans como transtorno mental.

“Esse é um estigma que temos que romper. Ainda somos rejeitadas pela sociedade, temos uma enorme dificuldade de acesso aos serviços médicos, considerados portadores de transtornos mentais e, no Brasil, temos somente cinco ambulatórios trans para nos atender”, apontou.

Durante o debate o representante da Australia informou que existem 35 diferentes tipos de variações intersex, além de dados que mostram que, por exemplo naquele país, 60% dos intersex pensaram em suicídio e 19% tentaram.

O encerramento teve uma homenagem às mulheres ativistas mortas, desaparecidas, doentes e sem direito à atendimento médico por defenderem seus direitos no mundo. Mulheres que contribuiram para manter viva a chama da resistência das novas gerações. Um mural foi construído em homenagem a elas contendo seus nomes e mensagens das ativistas.

Amanhã, 9/09, no segundo dia do evento, os debates trarão olhares sobre a construção de uma paz feminista, storytelling, as migrações, empoderamento econômico, alianças entre os vários movimentos, trabalhadoras domésticas, ativismo jovem, criatividade disruptiva entre outros.

Notas à Edição:

AWID pode oferecer imagens em alta resolução para acompanhar a notícias do Fórum, bem como acesso a entrevistas com painelistas e ativistas selecionadas/os.

Para mais informação, por favor entre em contato com:

GRUPOCASA Brasil – Assessoria de Imprensa da AWID

Vanessa Mayumi ou Veronica Marques

E-mail: awid@grupocasa.com.br

Tel: 011 30787300

Site: http://grupocasa.com.br/

AWID

Nana Darkoa Sekyiamah

Diretora de Comunicação, AWID

E-mail: nsekyiamah@awid.org

Site: http://www.forum.awid.org/forum16/ ; www.awid.org

Sobre a AWID e o 13o Fórum Internacional:

A Associação pelos Direitos das Mulheres e o Desenvolvimento (AWID) é uma organização feminista internacional de associadas/os. Há mais de 30 anos

fazemos parte do incrível ecossistema de movimentos pelos direitos das mulheres a fim de alcançar igualdade de gênero, desenvolvimento sustentável e direitos humanos das mulheres em todo o mundo.

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