Meu pai faleceu neste dia dedicado a classe proletária que foi sempre oprimida neste imenso e colossal Brasil. Em Salvador, tudo fecha. Pouca gente na rua, mas no farol da Barra muito movimentado, pois tem a participação de movimentos populares, partidos e centrais sindicais.
A utilização da bandeira vermelha do movimento simboliza o sangue da martirização da classe operária. Hegel disse em algum lugar que todos os grandes feitos da história universal produzem-se duas vezes. Esqueceu-se, porém, de acrescentar: uma vez como tragédia e outra como farsa. A tragédia se produz até hoje, quando assistimos tantas formas de situações análogas a escravidão e a farsa do capitalismo selvagem, onde há cada vez mais o acúmulo de capital na mão de poucos privilegiados.
A luta ilusória dos trabalhadores nunca está recompensada. Como ensina José Ingenieros, em “O Homem Medíocre”, países são expressões geográficas e os Estados são formas de equilíbrio político. A Pátria, porém, transcende esse conceito: é sincronismo de espíritos e corações, aspiração a grandeza, comunhão de esperanças, solidariedade sentimental de uma raça, mas parece uma utopia. O trabalhador, em suas extremas carências, tem dificuldades de exercer cidadania. Sua autonomia de decisão é escassa e tênues são suas vontades. Em consequência, submete-se, como ente passivo, a demagogia dos discursos dos donos do capital que acaba sugando suas emoções.