Viver pelo Espírito

“Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. (…) Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei.” (Gálatas 5.16 e 18)

O tema do capítulo 5 é a liberdade que temos em Cristo e que deve ser vivida por nós sem que comprometa a honra do Cristo que nos libertou. Parece que, na tentativa de fazer isso, desenvolvemos alguns tipos de prisão, formas de pensar ou regras, que cerceiam a liberdade. Assim, para que a liberdade não seja causa de atitudes inconvenientes, restringimos a liberdade. Esta é uma abordagem comum no meio cristão. Regras, vigilâncias e punições como forma de coibir erros e “manter as pessoas na linha”. Acredita-se que, quando mais restrições, mais retidão. Mas não percebemos que, agindo assim em relação à liberdade, comprometemos a maturidade. Não resolvemos o problema do pecado, ferimos a liberdade e impedimos a maturidade. Esta é uma abordagem que deturpa o caminho proposto pelo Evangelho de Cristo.

Paulo indica outra direção: vivam pelo Espírito. Note que é Espírito grafado com maiúscula, indicando o Espírito de Deus. Que o Espírito de Deus seja a grande influência de nossa vida. Ele sempre nos proporá caminhos para lidarmos de forma adequada com nossa própria natureza. Ele não nos orientará a criticar ou vigiar o nosso irmão, mas nos esclarecerá sobre nós mesmos! E nos ajudará a ser maduros enquanto exercemos a nossa liberdade. Ele nos convidará a amar o nosso próximo como a nós mesmos. Isso é fundamental para que saibamos lidar com nossos desejos e inclinações. Facilmente somos éticos e puros, se agimos em amor. O amor ao próximo é o cumprimento da Lei, disse Paulo (Rm 13.8). O amor é mais poderoso que regras, que ameaças, que qualquer tipo de coerção.

Quando somos guiados pelo Espírito, não estamos debaixo da Lei. Somos de fato livres. Passamos a conhecer um tipo de fé fundamentada num relacionamento íntimo e amoroso com Deus. Somos levados a amar e servir nosso próximo. Os ritos, eventos e liturgias ocupam o lugar devido, e não o centro de nossa adoração. Nos tornamos parte do que Deus está fazendo no mundo e não apenas parte do projeto de grandeza de nossa igreja. Sentimo-nos chamados a amar e servir nosso semelhante, ainda que ele jamais venha a se tornar parte de nossa congregação. O Espírito nos ajuda a abandonar o vício das segundas intenções e a ver o nosso próximo com respeito, com amor e aceitação. Se não for assim, temo que estejamos correndo o risco de que nossa espiritualidade tenha mais a ver com nossa carnalidade do que com o Espírito do Deus que nos amou e libertou!

 

ucs

 

 

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