“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.” (Romanos 8.18)
Este mundo, como todos sabemos, não é justo. A alegria e a dor estão presentes de forma desordenada na vida humana. Há os que sofrem demais, esmagados por incidentes e tragédias, e há os que atravessam a vida quase incólume, desconhecendo o sentido prático da palavra tragédia. Jesus preveniu seus discípulos para que estivessem preparados pois sofreriam (Jo 16.33). As Escrituras não anunciam vida fácil para os que creem e muitas promessas de prosperidade do mercado religioso estão completamente distante do espírito da Palavra de Deus.
Conhecendo a dor e conhecendo Deus, Paulo não busca em Deus o benefício de que o poder divino possa livrá-lo dos sofrimentos. Ele sabe que neste mundo o sofrimento é uma contingência, algo sobre o que não temos controle. E mesmo lutando para viver pelo Espírito, seguindo os valores do Reino de Deus, há sofrimento. Para quem aposta todas as fichas nesta vida, tal perspectiva é devastadora, insuportável e destituída de sentido. Como assim sofrer e aceitar o sofrimento como fato da vida? Tudo que se deseja é uma forma de fugir do sofrimento e garantir que ele fique bem longe!
Paulo olha mais adiante. Há algo muito mais valioso ainda por vir. Os sofrimentos daqui não podem ser comparados com as glórias de lá. Não é que Paulo tivesse desistido da vida, mas que ele a via mais ampla. A existência terrena não era sua única chance. Quando vemos as coisas assim podemos lidar melhor com prazeres e dores, limitações e oportunidades. Quem aqui nunca viu, um dia verá lá. Quem aqui nunca ouviu, ouvirá. Quem aqui nunca falou, falará. Pois este lado é apenas uma parte da história, e a menor. É importante e pode até ser bom. Mas não é tudo.