Em meio ao alvoroço, do dia a dia em Salvador, me perco em pensamentos ouvindo a voz do homem retumbando no microfone vendendo dúzia de ovos e o murmúrio das pessoas na rua.
A única sensação que eu não consigo bloquear é o ruído. Ele penetra no ouvido e tira a paz do momento. A lembrança de quando estive na chapada me pega desprevenido e sou forçado a deixar ela entrar.
É bem diferente da vida urbana tem uma sensação de liberdade, de rendição ao que é natural, que é a natureza. Nem o sol nascendo, nem as luminárias acesas, na cidade, neste corre-corre diário, onde as nossas emoções ficam divididas entre agitação e estresse com uma agonia na alma , onde os carros passam sob as luzes claras e pairam sobre todos os prédios. Sinto saudades do silêncio solitário da chapada.
Assisto à agitação da cidade em carros sobre o asfalto e em saltos que batucam na calçada já no Vale do Capão deixava o torpor invadir a alma enquanto o sol mergulhava no horizonte.
Na vida urbana a fumaça enegrece o sol sabendo que o conceito de tempo perde inteiramente a credibilidade quando se está junto a natureza, até a chuva lá tem uma umidade abrangente e escutar seu tamborilar e escorrer, com todos os diferentes timbres e tons é um grande prazer, ouvindo a musicalidade da descida.
Mas, estes sons belos penetram no silêncio da chapada e o torna comovente e a luz, o jeito que a luz inunda a vegetação, completa o quatro com o luar.
Temos que alimentar nossa alma com está paz ou algo morre e nos transformamos em zumbi, sendo jogado para lá e para cá pela vida urbana.
O Vale do Capão e a Chapada são um local formado de vento, tempo e belas histórias de vida.