“Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (João 10.10)
Esta é uma das mais estimulantes afirmações de Jesus. Ele veio para que tenhamos vida plena. Alguns poderiam dizer que Ele não se saiu muito bem, a julgar pelo tipo de mundo que criamos. Há entre nós fome, pobreza, avareza, injustiça, violência. Embora não seja somente isso, essas coisas comprometem bastante. Mas Jesus não disse “eu vim para que vocês tenham uma vida perfeita”. Ele mesmo nos advertiu que neste mundo teríamos aflições (Jo 16.33). Jesus conheceu e sentiu as dores do mundo que criamos. Ele jamais se iludiu sobre o coração humano e suas possibilidades para o mal. E foi olhando para tudo isso e diante de tudo isso que Jesus afirmou: Eu vim para que vocês tenham vida, e a tenham plenamente.
O que seria essa vida plena? Que não se trata de uma vida sem problemas, dor, limitações fracassos, erros ou ilusões, isto está claro. Vida plena é uma vida que, apesar de toda dor, injustiça e incertezas deste mundo, prevalece. Uma vida que não pode ser roubada, tirada. A vida plena que Jesus oferece é algo que este mundo não conhece, mas pecadores, como eu e você, podemos receber e desfrutar. Não podemos conquistá-la. Apenas recebe-la!
A vida plena que Jesus nos trouxe é a vida de quem conhece e desfruta o amor de Deus. De quem recebe perdão para seus pecados e está aprendendo a crer e permanecer crendo no cuidado, proximidade e amor divinos. É a vida de quem pode conversar com o Criador e chama-lo de Pai. E como um filho amado, pode chorar, pedir e confessar. Pode falar de anseios, tristezas e ansiedades. É a vida de quem sabe que jamais será perfeito e já entendeu que não precisa ser, e que ainda assim jamais deixará de ser amado. É a vida de quem se percebe constrangido por tanto amor e anseia ser melhor, somente por gratidão. A vida de quem já se libertou das comparações e está aprendendo a aceitar, amar e respeitar a si mesmo e aos outros.
A vida que Jesus nos trouxe é plena, não porque nela temos tudo que gostaríamos ou desejamos. Mas porque já não precisamos ter tudo, pois pertencemos a Deus. E isso nos basta. É uma vida de quem está aprendendo sobre a graça e maravilhando-se com sua abundância. A graça é aquele tipo de dádiva que, quanto mais recebemos e desfrutamos, menos entendemos e mais agradecemos e partilhamos. É uma vida em que nem tudo está bem, pois dias maus chegam em que há perguntas e não há respostas; há problemas e não há solução. Dias que incomodam e abatem. Mas dias que podem ser vencidos pois, no final, nos lembramos: Ele está comigo; não temerei!
A vida que Jesus veio nos dar e nos ensinar a viver é leve e entrecortada por descansos que desfrutamos nele, em suas promessas. Uma vida que, o que conta mesmo são pessoas, não coisas. Quem somos e estamos nos tornando e não o quanto estamos acumulando. Nela o amor vai à frente e isso muda tudo. É a vida em que não se ama o poder, mas nos encantamos, sentimos e celebramos o poder do amor.
A alguns pode parecer que Jesus não se saiu muito bem em nos trazer vida plena, porque o mundo é um lugar difícil e há muita maldade no ser humano. Mas para quem crê e escolhe segui-lo, as dificuldades do mundo e as maldades humanas apenas realçam o quanto é plena e abundante a vida que Jesus nos trouxe. Você entende isso? Talvez não. Mas o importante mesmo é crer.