“O ladrão vem apenas para furtar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (João 10.10)
“Quando a vida está plena, prepare-se! Lá vem problema.” Isso foi o que li recentemente. A julgar pela experiência comum da vida, esta frase pode fazer bastante sentido para muitos. Talvez o bastante para levantar suspeitas sobre a afirmação de Jesus. De fato, a vida média de todos nós é entremeada por momentos antagônicos, que alternam felicidade e tristeza. Para alguns parece haver mais tristeza que para outros. A Bossa Nova, gênero musical brasileiríssimo, é pródiga em falar da vida e nela, tristeza não tem fim, felicidade sim! Na poesia de Tom e Vinícius a felicidade é “como a gota de orvalho numa pétala de flor. Brilha tranquila, depois de leve oscila e cai, como uma lágrima de amor! Um belo retrato de fugacidade como representativo da vida, do amor.” Mas, o que podemos então esperar da vida? Em meio a todos os nossos antagônicos sentimentos, olhamos crendo com certa dúvida as palavras de Jesus. Ele disse que veio para que tenhamos vida, e a tenhamos plenamente!
Somos diversos: alguns mais otimistas e outros, mais pessimistas. Uns mais dados à melancolia e outros sempre de bem com a vida. Uns precisando enfrentar o que os antigos chamaram de “a noite escura da alma”: um sofrimento que nada explica e que nada dá jeito! Enquanto outros parecem acordar todo dia em alto astral. A quem Jesus está dirigindo suas palavras? A todos nós, indistintamente? Ou seria apenas para os que sofrem mais? Mesmo os que se sentem bem todos os dias precisam da plenitude anunciada por Jesus? Creio que sim. Há algo profundo e insubstituível no que Cristo veio fazer para nós. A vida plena é mais que alegria. É mais que não sofrer. E cada um de nós, de dentro de sua própria realidade, pela fé precisará encontrar-se com a ela. Em meio à nossa dor ou prazer, somos chamados a crer. Somos chamados a conhecer e receber o que nos torne viventes plenos. Mas como podemos compreender isso de que Jesus fala. Parece-me ser algo amplo demais para ser discernido rápido. Mas poderemos ir compreendendo aos poucos. A Oração do Pai Nosso (Mt 6.9-13) pode nos ajudar.
Nela, a vida plena é um pedido, uma suplica. Um pedido para que sejamos envolvidos pelo Reino de Deus. É fruto da vontade de Deus, que Paulo declarou ser boa perfeita e agradável (Rm 12.2). A vida plena também envolve a satisfação de forma digna, com a participação de Deus, de nossas necessidades físicas. E não de qualquer jeito, a qualquer custo. É pão vem de Deus e nos é dado. Nela a vida plena não pode ser experimentada sem perdão. Não apenas o perdão recebido, mas especialmente o perdão ofertado. Quem não sabe perdoar, não sabe ser perdoado e empobrece a vida! A vida plena exige atenção e vigilância, pois o ladrão veio furtar, roubar e destruir. Há ciladas no caminho! Tentações superadas e o livramento que somente Deus pode dar são necessários. A vida plena é vida integral e integralmente envolvida pela presença de Deus. Jesus, o Emanuel, o Deus Conosco, veio para que tenhamos vida plena, pois veio para que vivamos com Deus. Apesar da insuficiência que marca este mundo, há plenitude possível na vida pela fé. Creia no que Cristo disse!