“Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (João 17.3)
Quando ouvia sobre “vida eterna” na igreja, pelo que me recordo, ela estava sempre relacionada a algo que conheceria depois da morte. Por aqui e por agora, uma vida confusa, difícil, dolorosa, embora também com algumas coisas boas, mas com as quais eu deveria ter cuidado. Afinal, era preciso terminar aqui para desfrutar lá. Ouvi tanto e de tantas formas sobre isso que, acredito, me tornei alguém mais preparado para morrer do que para viver. Cheguei a essa conclusão há alguns anos e comecei a reler e procurar entender melhor a esperança do Evangelho de Cristo.
Já havia lido muitas vezes esse verso, mas ele atraiu minha atenção diante da busca que estava fazendo. Ele passou a me dizer que “vida eterna” é mais que algo escatológico, algo para um outro momento depois que essa vida passar. Vida eterna é conhecimento de Deus e de Jesus. Vida eterna é vida alcançada, modificada, reinterpretada à luz de quem Deus é e do que Jesus fez. Bem, aí percebi que precisava aprender a viver minha fé em lugar de fugir da vida em nome da minha fé.
As Escrituras e sobretudo Jesus nos revelam o Deus que tudo criou, que tudo pode, que tudo sabe; o Deus que É e Está. O Deus que (e foi Jesus quem declarou), é nosso Abba. O nosso Pai Celeste, que sabe dar boas dádivas aos que o buscam. Que fica atento à estrada por onde espera ver o pródigo retornar. Que sai em busca da ovelha perdida, embora tenha em seu aprisco tantas outras. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo nos ama e isso salva a nossa existência. Conhecer o amor de Deus e viver em comunhão com Ele é entrar na vida eterna, mesmo enquanto ainda estamos encapsulados na temporaneidade da vida terrena.
Jesus é o nosso Redentor. Estávamos em dívida com Deus e de um modo que jamais poderíamos pagar. Mas Ele veio e quitou nossos débitos. E ao faze-lo, abriu-nos a porta da comunhão com o Pai. Nele somos feitos filhos e incluídos no testamento divino. Somos feitos herdeiros com Cristo e parte da família de Deus. Em Cristo conhecemos a graça, os braços permanentemente abertos de Deus para nós. Conhecer a Jesus é conhecer tudo isso. É entrar na vida eterna, mesmo enquanto sofremos o poder do tempo, que nos leva as forças e aponta o final. Mas, como disse Paulo, vamos nos desgastando por fora e nos renovando por dentro (2 Co 4.16). E por fim a vida eterna superar a vida terrena.
A vida eterna é mais terrena do que me ensinaram. E só poderá ser conhecida na eternidade por aqueles que a experimentarem aqui e agora. Andar com Deus, confiar e celebrar o nome de Cristo é entrar na vida eterna. Uma vida ampla, cheia de novas perspectivas e verdades eternas, que jamais mudam. A vida eterna é conhecer a Deus e a Jesus. Conhecer por conviver, experimentar e ter comunhão. Não se tratam de ideias ou conceitos, mas da pertencimento e presença. Que o Espírito Santo nos guie nessa bendita possibilidade. E que sejamos sinais inspiradores para que outros vivam eternamente.