Vergonha e (in) dignidade

“A moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a humanidade”. Friedrich Nietzsche (1844-1900).

É possível, além de muito provável, que a maioria dos brasileiros já tenha assistido ou ouvido falar de situações vexatórias envolvendo autoridades dos diversos poderes, condutas pouco edificantes, risíveis e beirando as raias do absurdo e da imoralidade.

No entanto, ainda quando se imaginava que os políticos nacionais já haviam feito de tudo, vê-se que a sanha doentia pelo poder não opõe limites às suas voracidades e mais casos são trazidos pela imprensa ao conhecimento público, com detalhes, e o que é pior,denegrindo o parlamento brasileiro pelas ações de temerários, travestidos de representantes do povo.

O que estará por trás dessa cultura perniciosa que permeia o mundo político e se espraia pela sociedade, contaminando o tecido social qual metástase cancerosa, sem freios e limites?

Há os que buscam o poder pelo poder, a qualquer preço, ambições desmedidas que afrontam códigos sociais, trilham caminhos impróprios e submetem os valores sociais medianamente aceitáveis pela manipulação subserviente que atende, apenas, à própria vontade, submetida a instintos que beiram a animalidade.

Trânsfugas sociais, não têm vergonha da desonestidade e se acompanham do mau-caratismo para atingimento de objetivos que satisfazem a um único propósito existencial: o seu egoísmo doentio. São, assim, mentes deformadas!

A imprensa os tem denunciado pela revelação dos seus atos de vida pregressa, biografias constituídas à semelhança de dossiês policiais, fichas sujas que continuam a enlamear o parlamento nacional, acolhidos e aceitos entre muitos outros como lideranças encasteladas no poder, a dividir o botim como recompensa àqueles que os escolheram. Servem a si mesmos e desservem a educação política nacional!

Não há necessidade de discursos ou citações para uma compreensão aceitável dos porquês dessa infeliz realidade. Talvez uma palavra única, e não mais que ela, seja a mais perfeita e reveladora para retratar a situação de indignidade existente: impunidade!

Em que país do mundo, submetido a regime democrático, alguém denunciado à Suprema Corte, por haver cometido vários crimes, candidata-se e se elege presidente da Casa que abriga a maior representação parlamentar da Nação?

É um tapa no rosto do cidadão, uma afronta aos valores morais, uma tentativa de submeter a consciência moral brasileira a quantos despidos de sensatez e de conduta ética. É a cultura da falta de vergonha, da desonestidade premiada e da crença na impunidade.

Nesse quadro não tão recente de acontecimentos, dentre tantos, que envergonha a Nação, é bom lembrar que a imprensa e a maioria dos brasileiros não se sentem por eles representados, nem se alinham a essa caterva momentaneamente no poder.

Os jovens repudiam a corrupção, o desregramento sob quaisquer de suas formas e estão prontos a repelir as agressões à moral e à ética, porque têm a exata compreensão do bem e do mal e os transpõem para a vida cotidiana, como o demonstram na vida escolar, na convivência com os mestres e nas relações sociais do viver na família e na comunidade. São, assim, o farol a iluminar a esperança de novos tempos!

A imprensa não se cala e continua a fazer a sua parte, denunciando e demonstrando os “malfeitos” de quantos.

O Judiciário, no seu tempo, haverá de cumprir suas atribuições constitucionais, analisando e adotando os procedimentos aguardados por todos que o têm como guardião e interprete maior das leis.

Ainda mais, e não custa aguardar, pois está bem próxima, a sociedade terá uma oportunidade de ouro para um recomeço, a partir das eleições de 2014: através de escolhas apropriadas, afastando da vida pública os corrompidos pela prática da simonía, pelos desvios de conduta e descompromissos com os valores republicanos que prometeram respeitar.

É, tão somente, aguardar e reescrever uma nova história!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui