Senti a presença do diferente, já havia começado o verão. Um ar que eu reconhecia mais quente.
Cinco horas da manhã e o dia começa em laivos rosados, na linha da Baía de Todos os Santos. Nas pessoas, um jeito de falar diferente, mais alegre, na maneira de se vestir com mais coloridos. O dia útil acontecendo com um movimento de férias. É um novo mapa mental e emocional.
Senti a presença de um verão, com passarinhos, sem memória, sem noção de viúvez e orfandade, cantam com a mesma alegria de sempre, dispersados que são da agonia das datas, felizes uns com os outros, voando por essas árvores que amanheceram belas.
Há inexatidão em dizer que o sol velou a sua face. Não foi inteiramente assim para a nossa região. O sol tornou-se alegre, como à hora do nascente.
Tem coisas que a gente só entende, de fato, vivendo. O verão é um bom exemplo. E fiquei observando pela janela dois macaquinhos subindo numa árvore. Um deles escorregou e caiu pelas várias camadas de folhagem. Era algo que eu nunca tinha visto na vida, e vi neste início de verão.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.