A empresa tem apoiado o evento há 23 edições e, pela segunda vez em função da pandemia, sua realização foi online
A Veracel Celulose, indústria que atua na região da Costa do Descobrimento, no Sul da Bahia, foi apoiadora de mais uma edição do festival da comunidade indígena pataxó ARAGWAKSÃ, que significa “lugar sagrado de grande conquista” e é um dos momentos mais importantes para a cultura e tradição da comunidade. O evento foi realizado na comunidade indígena pataxó, na Reserva da Jaqueira, entre sexta (30) e domingo (1º de agosto) e a empresa tem sido apoiadora do festival desde que ele foi retomado pela comunidade, há 23 anos.
O evento, que representa a luta e a resistência da comunidade indígena pataxó Reserva da Jaqueira, tem por objetivo o fortalecimento da cultura por meio de danças e cantos, rituais sagrados, batismo, orações, com a presença de anciãos, jovens e lideranças. Para a proteção da comunidade, a edição deste ano, assim como em 2020, foi novamente realizada em formato online, porém, devido ao avanço da vacinação, no domingo houve um momento em que convidados foram recebidos, de forma restrita, seguindo autorização prévia da FUNAI e seguindo todos os protocolos de proteção.
“Em 2020 o ARAGWAKSÃ já foi realizado de forma online para que as pessoas pudessem acompanhar a festividade, e a comunidade pudesse realizar a celebração com outras lideranças pataxós, mas com cuidados e segurança durante a pandemia. Com a comunidade vacinada e a imunização avançando no território foi possível termos esse formato híbrido, mas ainda de forma bastante controlada”, afirma Eunice Britto, diretora da Etno Consultoria, que atua como interlocutores da Veracel junto às comunidades tradicionais na região. “Esse formato nos ensinou muito sobre como podemos ampliar ainda mais a visibilidade do evento para uma interação legítima da comunidade com parceiros e com o poder público, mesmo sem a necessidade de estarem presencialmente no evento, mas atuando de forma conjunta para preservar a tradicionalidade da comunidade e apoiá-la em suas demandas”, finaliza Britto.
A Aldeia da Reserva da Jaqueira está localizada em uma área de 827 hectares, onde vivem 34 famílias. A comunidade desenvolve o Etnoturismo Sustentável com base na proteção do meio ambiente e da cultura indígena, sendo as atividades gerenciadas pelo Instituto Pataxó de Etnoturismo.
“O ARAGWAKSÃ é um momento muito importante em nosso calendário em que realizamos tanto uma celebração de nossa tradição, como também promovemos momentos de reflexão sobre o futuro de nosso povo daqui a 20 anos. Realizamos rodas de conversas com os jovens e lideranças Pataxó para falar sobre drogas, violência e como podemos nos preservar e manter a nossa cultura de forma sustentável”, explica Juari Braz Bomfim, presidente do Instituto Pataxó de Etnoturismo. “Realizar duas edições online foi um grande desafio, mas também foi um momento de muita oração e pensamentos voltados a nossa espiritualidade neste momento em que o mundo parou devido a pandemia. Além disso, foi um aprendizado muito importante porque tivemos que repensar nossa estrutura de tecnologia para não deixar de promover o evento”, ressalta Juari.
“Realizar o ARAGWAKSÃ nestes dois anos de pandemia para nós foi uma experiência nova, o mundo está vivenciando esta mudança drástica com a necessidade de isolamento e este momento para nós, povos originários, está sendo um grande desafio porque sempre recebemos as pessoas em nossa comunidade para compartilhar um pouco de nossa cultura. A partir do momento em que este contato não pôde ser possível tivemos que repensar a forma de compartilhar o evento, aprofundando o uso de tecnologias dentro de nossa comunidade, algo que será muito útil para a luta e causa indígena” destaca Syratã Pataxó, cacique da Reserva pataxó da Jaqueira e presidente da associação dos caciques de Santa Cruz de Cabrália, além de professor da comunidade.
“O Aragwaksã é celebração, mas ao mesmo tempo significa a resistência do nosso povo e hoje usamos este espaço para dialogar com a comunidade e para dizer que sempre estivemos aqui e sempre estaremos, nunca vamos perder nossa essência de lutar pela terra, porque terra é vida, é o futuro das nossas famílias e de nossos filhos e vamos continuar lutando por isso sempre”, finaliza Syratã.