“Um pouco antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Estava sendo servido o jantar, e o diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão, a trair Jesus. Jesus sabia que o Pai havia colocado todas as coisas debaixo do seu poder, e que viera de Deus e estava voltando para Deus; assim, levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura.” (João 13.1-4)
Com uma toalha em volta da cintura foi como Jesus escolheu vestir-se para as cenas finais de seu ministério terreno. Uma toalha em volta da cintura não é um ornamento que alguém use para receber homenagens ou ser servido. Ao contrário! Costumamos nem perguntar o nome de quem está nesses trajes. Não evoca grandeza, importância, exaltação, honra. Uma toalha em volta da cintura é símbolo de pequenez, de desimportância, de humildade e singeleza. Quem quer receber atenção e olhares de admiração não coloca uma toalha em volta da cintura. Faz isso quem quer dedicar atenção, quem está disposto a olhar para ver o que o outro precisa e está disposto a servir. Vivemos numa sociedade que impõe toalhas em volta da cintura a muitos e faz do servir um lugar de onde todos querem sair. A injustiça, a desigualdade, o “azar de ter nascido no lugar errado”, na família errada, com a cor errada, no bairro errado… impõe toalhas em volta da cintura. Jesus escolheu e livremente colocou uma toalha em volta da cintura.
Se no reino dos homens o caminho é encontrar forma de livrar-se da toalha em volta da cintura e passar para o lado, o dos que tem pessoas com toalhas em volta da cintura ao seu redor e ao seu dispor, no Reino de Deus, no Evangelho de Jesus, o caminho é justamente o oposto. Somos chamados por Aquele que é o maior de todos, o Senhor dos senhores e Rei dos reis, a escolher a toalha. Ele não apenas nos diz que é o que devemos fazer, mas Ele mesmo pega a toalha, a que deveria estar em volta da cintura de seus seguidores, e reveste-se de humildade. Servir foi algo tão marcante nas atitudes e ensino de Jesus que as pessoas tinham dificuldades de saber que era ele o grande rabi Jesus. Todos sabiam que Ele estava pelas redondezas, mas poucos conseguiram identifica-lo ao vê-lo. João Batista não pode (Jo 1.33), a mulher samaritana não pode (Jo 4.9-10) e foi preciso um sinal de Judas para que os guardas o prendessem, pois não seria possível identifica-lo de outra forma (Mc 14.44). Quando seguimos o caminho do Reino de Deus confundimos os padrões do reino dos homens.
Por isso somos chamados, orientados e ensinados a sermos servos. Quando permitimos que sentimentos de grandeza, orgulho, presunção vaidade ou egoísmo nos habitem, desviamo-nos completamente do Evangelho e do seguimento a Cristo. O serviço é nosso lugar de proteção e aprendizado. É por meio do serviço que podemos praticar a fé que dizemos ter. Até que sirvamos ela será apenas uma crença que pouco faz por nós e nada faz pelos outros ou para honrar a Deus. É por meio do serviço que colocamos a graça que nos alcançou em operação. É assim que revelamos o quanto esta graça é cara para nós! Se dizemos que somos filhos da graça, que fomos perdoados e redimidos pela graça, mas não servimos, estamos demonstrando que nada sabemos sobre a graça. Olhe para si? O que você vê? Há uma toalha em volta de sua cintura? Há uma decisão firme em seu coração de servir e ser útil aos outros? O que você está buscando na vida? Acomodação? Descanso? A garantia de seus próprios interesses? A quem estamos realmente seguindo? A nós mesmos e às ilusões de um mundo viciado em poder, ou a Jesus?