No dia 07.07.1994, uma quinta-feira de lua nova, renasci de um assalto, onde fui deixado do CIA, naquela escuridão, de joelho, um nos ladrões salvou a minha vida, pois disse “deixa ele”.
Tinha trinta e sete anos, considero tudo que veio depois minha segunda chance de vida, e, desde aquele dia, mudei. Sei que sou diferente do que era. Às vezes não temos culpa do mal que nos acomete nem mérito do bem que nos atinge.
Eu, depois da tal situação de quase morte, apenas simplifiquei minha vida. De certa forma, foi um refinamento, porque, como dizia Leonardo da Vinci, a máxima simplicidade é a máxima sofisticação. A segunda chance propiciou-me essa evolução. E, é esse ponto que me inquieta: por que precisamos da segunda chance para fazer o que, ao fim e ao cabo é melhor para nós mesmos? Não deixa de ser uma derrota da racionalidade.
A vida às vezes diz: cuidado! O Eclesiastes já dizia que temos de nos submeter ao jogo suave da sabedoria, e é exatamente assim que funciona: é a Razão, com “erre” maiúsculo, que tem de domar os sentidos e domesticar as vontades. O que, de certa maneira, é uma prisão. Mas dentro dela, em paz, você será feliz. Se não tivesse distraído pegando dinheiro para dar ao guardador e saísse logo, não seria assaltado.