“Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus.” (Mateus 5.20)
Há uma justiça que podemos produzir, capaz de atender ao olhar humano. Uma justiça superficial e de aparências. Ela não atende ao Reino de Deus. Nele não servem superficialidades. Nele o amor é inegociável e a retidão é mais do que não fazer uma coisa errada. No capítulo 23 do Evangelho de Mateus Jesus analisa a justiça dos fariseus e mestres da Lei, e expõe seus enganos. Eles colocavam exigências pesadas sobre as pessoas, exigências que eles mesmos não conseguiam cumprir. Tinham prazer em dominar as pessoas e de estarem em evidência. Achavam-se superiores aos demais. Por isso Jesus lhes disse: “Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens. Não entram e os impedem de entrar” (Mt 23.13). Fechavam, porque eram legalistas e ensinavam um relacionamento com Deus baseado no mérito e na observância de regras e leis, desprezando a graça e a misericórdia. Jesus disse que a piedade deles era pura aparência. Eram zelosos ao observar regras e maldosos ao lidar com pessoas. Eram líderes que buscavam seguidores para si mesmos e não para Deus.
Eles se orgulhavam de fazer suas ofertas em observância à lei, de praticarem os rituais de purificação, de observarem com rigidez o sábado. Mas não sabiam amar, não eram humildes e não entendiam o sentido do que faziam. Por isso Jesus lhes disse: “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade.” (Mt 23.23-24) Coavam mosquitos e engoliam camelos, ignorando o mais importante, o que deveria vir primeiro. Nas palavras de Jesus, eram sepulcros caiados, limpos por fora e podres por dentro, tendo o coração cheio de hipocrisia e maldade. Infelizmente estamos sujeitos ao mesmo comportamento. Corremos o risco de sermos bons em liturgias e um fracasso no dever de amar, servir, perdoar e cuidar. Corremos o risco de valorizar mais coisas que pessoas, faltando-lhes com o respeito, o amor e a bondade que jamais poderiam faltar.
Conta-se que certo dia um garoto procurou o pastor e pediu permissão para que ele e sua família se mudassem para o prédio onde a igreja funcionava. Achando estranho o pedido e também curioso, o pastor perguntou a razão. O menino então explicou que era porque seu pai era muito bom quando eles estavam no templo, mas não era a mesma pessoa quando chegava em casa. Nosso desafio não é viver a fé em Cristo dentro do templo, não é adorar no momento dos cânticos, não é sentir a presença de Deus durante o culto. Nosso desafio é revelar o sentido de tudo isso no dia a dia, nos lugares comuns, nos dias da semana e dentro de casa. Nosso desafio é viver uma espiritualidade que se espalhe para cada canto de nossa vida e nos leve a revelar, com atitudes, que fomos alcançados, amados, perdoados e reconciliados com Deus. Que suas atitudes revelem que sua fé está firmada em Jesus e sua vida envolvida pelo Reino de Deus. Que você revele uma justiça muito superior à dos escribas e fariseus.