Um conto de férias

Hoje quero apresentar a vocês um lugar fictício, onde alguns vivem e muitos passam as férias. Qualquer semelhança com alguma realidade de seu conhecimento, é mera coincidência.

Esta tal cidade foi descoberta há muito tempo, e passou a se desenvolver como uma vila de pescadores, onde todos se conheciam e não existia nenhum tipo de preocupação relacionada à violência ou miséria. Tudo ali girava em torno do mar, tanto o sustento das famílias, quanto a atividade turística, que começava a surgir devido à curiosidade de aventureiros que passaram a querer conhecer as tais praias de água quente.

O tempo foi passando e o turismo foi ganhando espaço; começou-se a tentar adaptar o local para receber o fluxo cada vez mais intenso de visitantes. Em poucos anos, o comércio expandiu-se, surgiram novos bairros, estradas e até aeroporto. Definitivamente, a pequena vila se tornara uma cidade conhecida, graças à gentileza de seus habitantes e à exuberância de suas paisagens naturais.

Agora com o reconhecimento internacional, a vila passou a chamar atenção de pessoas ambiciosas, que passaram a enxergar ali uma fonte inesgotável de enriquecimento lícito ou não. Estas pessoas destruíram boa parte do meio ambiente, para construir seus estabelecimentos comerciais. Com isto, houve aumento na demanda de mão-de-obra e gente de toda parte foi viver ali, mas acontece que não havia empregos para todos e o quadro de miséria e descaso começou a se instalar.

Atualmente a cidade ainda mantém algumas praias preservadas, junto aos mesmos lazeres encontrados em qualquer metrópole. Oferece também, iguais perigos e riscos. Pelas ruas ninguém se conhece, há pobreza, violência e consumo de drogas. Viajar para lá se tornou sinônimo de libertinagem. E o turista, antes tão bem quisto, passou a ser tratado como intruso. Nas agências bancárias fica preso nas portas giratórias, para deleite dos guardinhas. Nos mercados enfrenta filas colossais, e nas ruas e praias, tem de lidar com sujeira e insegurança.

Alguns dizem não ter porquê pagar tão caro indo até lá, agora que há tantos problemas. Outros, como eu, creem que isso é só questão de tempo. Moradores e autoridades vão perceber que para um lugar ‘bonito por natureza’ essa mentalidade capitalista e metropolitana é nociva, podendo ser fatal.

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