“Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação.” (2 Coríntios 5.18-19)
Estar em Cristo é ter sido reconciliado com Deus. É poder viver o resto da vida com acesso livre à presença de Deus na certeza de Seu amor e perdão, mesmo quando nossos sentimentos dizem que passamos da conta e que talvez nunca mais possamos voltar a ser como éramos antes. Lembra-se do pródigo? Ele chegou a momento semelhante. Achava que, no máximo, caso conseguisse a clemência de seu pai, poderia ser um dos empregados em sua casa. Mas sabemos como a história termina. No final, o verdadeiro protagonista não é o filho que volta, mas o pai que o recebe. É o pai quem define como tudo acaba. Essa é a imagem da história de cada pecador com Deus. Fomos reconciliados com Deus por meio de Cristo.
Por que ter clareza disso é tão importante? Para que sejamos nova criação! Para que nossas perspectivas sejam mudadas. Somente e na medida em que tomamos consciência da dimensão do amor, graça e misericórdia de Deus é que podemos mudar verdadeiramente. Somente assim é que podemos ser renovados. Essa é a condição para que as coisas velhas passem e novas possam surgir. A certeza do amor de Deus nos liberta para sermos nós mesmos e nos atrai para avançarmos e sermos transformados. Não é o tamanho da culpa que carregamos ou do arrependimento que acreditamos ter, que nos torna novas pessoas. É a grandeza do amor de Deus. Quando não percebemos isso, acreditamos sermos nós os protagonistas e pretendemos definir como será o final. Queremos merecer, mesmo que neguemos isso. E cheios de nós nos tornamos juizes dos outros. Passamos a legislar sobre os caminhos da graça e até encontramos sustentação bíblica para isso. Porque nossos olhos só veem o que se parece conosco e são escravos da lógica humana em lugar de aprendizes da graça divina.
Precisamos ver como somos vistos. Pelos olhos de Deus. Ele, em Cristo, pagou a dívida. Não lançou em conta, como dívida, os pecados que cometemos. Isso é grande demais para nós. Dependendo do que aprendemos sobre Deus, leva bastante tempo até que aceitemos integralmente o jeito de ser de Deus, que nos ama incondicionalmente. Leva tempo até que nos encantemos com a incompreensível graça e o inexplicável amor de Deus. Mas quando isso acontece, quando finalmente deixamos Deus ser o protagonista, aí somos livres. E aí as coisas novas surgem. Percebemos o quanto não éramos as novas pessoas que acreditávamos ser e passamos a uma arrumação que durará pelo resto da vida: coisas velhas sendo descartadas e coisas novas, com a marca do amor de Deus, vão tendo lugar em nossa vida. Tudo isso é um grande mistério. Tudo isso é tão simples e tão profundo. Tudo isso provém de Deus.