TEMPO DE TRAVESSIA

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Toda travessia supõe uma posição de saída e outra de chegada, intermediadas por múltiplas posições durante o percurso.
A vida é uma constante travessia; fazemo-la às vezes sozinhos e na maioria das vezes, felizmente, acompanhados.
A família é a melhor acompanhante para a travessia. Ela nos traz a segurança de um porto seguro ao qual sempre podemos voltar, nem que seja apenas para recarregar as forças numa posição de percurso.
Os pais, os avós, os irmãos, os tios, os primos, a esposa, o marido, os amigos mais chegados constituem, conosco, a “tripulação” dessa “nave” que conduzimos e que conduz os nossos destinos, o nosso sentido de vida.
Entretanto, muitos homens e mulheres modernos, apesar de tantos meios de comunicação disponíveis, ainda vivem solitários mesmo que acompanhados. E procuram incansavelmente algo que os complete.

Enquanto não atravessarmos a dor da nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.
Lembremo-nos da afirmação que se atribui a Confúcio: “Você tem duas vidas. A segunda começa quando você percebe que só tem uma.
Não fique à margem da sua própria existência. Não seja coadjuvante de si mesmo. Seja protagonista da sua travessia. Pense nisso!

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