Recursos serão destinados a equipar cada um dos três campi (Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas)
Após negociações com o Ministério da Educação, a Universidade Federal do Sul da Bahia recebeu recursos destinados a equipar um Laboratório Institucional de Biologia Molecular com nível 2 de biossegurança (NB 2) em cada um dos três campi (Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas).
Em contrapartida aos R$556.350,40 liberados pelo MEC para esse fim, a UFSB vai custear a adequação dos locais. A universidade deve providenciar o empenho dos equipamentos até o dia 20 de maio.
Os laboratórios estarão aptos a realizar análises de amostras para detectar a presença do vírus causador da covid-19.
Os três Laboratórios Institucionais de Biologia Molecular serão voltados, prioritariamente, para a pesquisa e equipados para atender a múltiplos usuários e múltiplas unidades acadêmicas, mas, neste primeiro momento poderão ser utilizados para a detecção do SARS-CoV-2 ou novo coronavírus.
A montagem destes laboratórios está alinhada com as políticas institucionais de pesquisa e pós-graduação e serão gerenciados, nesta fase, pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG).
A definição consta do artigo 24 do Regimento Geral de Pesquisa e Pós-Graduação da UFSB (Resolução Consuni nº 23/2019), publicado em 2019.
Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Rogério Quintella, os laboratórios são o resultado de uma ação ampla com a participação de mais de uma dezena de pesquisadores da área nos três campi.
“O recurso agora recebido do MEC soma-se a uma série de investimentos que já haviam sido feitos e a outros, cujas compras estavam em fase final na UFSB. Inicia-se, agora, também o processo de reforma de espaços, somando, ao todo, mais de um milhão e meio de reais”, completa.
Requisitos específicos
Conforme o diretor de Pós-Graduação (DPG/PROPPG/UFSB), professor Fabrício Carvalho, os laboratórios poderão contribuir com análises moleculares para detecção do SARS-CoV-2 utilizando a técnica de RT-PCR (sigla em inglês para reação em cadeia de polimerase em tempo real).
“São diversos equipamentos utilizados nas etapas de extração de DNA e RNA (RNA no caso do SARS-CoV-2) e posterior amplificação utilizando a técnica de RT-PCR (chamada também de qPCR).
Dentre os equipamentos a serem adquiridos, o que requer maior investimento é o termociclador para realização da RT-PCR, que custará R$ 250.000,00 [duzentos e cinquenta mil reais].
A infraestrutura ficará disponível para auxiliar o sistema de saúde no acompanhamento do andamento da pandemia em nossa região”, afirma.
Para que os equipamentos sejam instalados e postos em funcionamento a UFSB precisa reformar os espaços nos campi, explica o professor Fabrício Carvalho.
A adequação vai garantir que os laboratórios sigam as normas de biossegurança para trabalho com o SARS-CoV-2: “Atualmente estão sendo realizados os estudos necessários de cada espaço para elencar as intervenções que precisarão ser feitas”.
Em face da urgência provocada pelos danos do novo coronavírus, o cuidado na preparação desses laboratórios é essencial. A análise de exames e amostras envolve manipulação do agente biológico, no caso, o vírus covid-19, e para que isso seja feito é essencial que o espaço cumpra as exigências de nível 2 de biossegurança.
Conforme proposta institucional de criação desses laboratórios, para atender a esses requisitos é preciso contar com laboratório com características que permitam uma higienização frequente e eficiente com controle de acesso; equipamentos que permitam a contenção, esterilização e manuseio seguro das amostras; e pessoal treinado para trabalhar em ambiente que contenha agente com risco biológico classe 2.
Laboratórios multiusuários serão legado valioso
O pró-reitor Rogério Quintella explica que esses laboratórios são estruturas de enorme utilidade para grupos de pesquisa de toda a UFSB, mesmo após a atual pandemia, abrindo espaço para todos os cientistas da universidade que já utilizam a técnica RT-PCR, tanto nos laboratórios da universidade (a UFSB já tem dois PCRs) quanto nos laboratórios de instituições parceiras.Conforme ele, o legado das infraestruturas dos laboratórios NB 2 trará grandes contribuições em cada campus.
Alguns exemplos das aplicações iniciais:
- No Campus Paulo Freire, o laboratório será valioso na implantação do programa de mestrado recém-aprovado Saúde, Biodiversidade e Ambiente, ao constituir ambiente adequado para pesquisa nas áreas de biotecnologia aplicada à saúde humana e animal, biologia molecular, imunologia, parasitologia e farmacognosia, entre outras.
- No Campus Sosígenes Costa, diversos grupos poderão se beneficiar do equipamento, particularmente aqueles voltados à biologia molecular nas ciências ambientais – onde já é largamente utilizado.
- No Campus Jorge Amado as aplicações vão desde questões relacionadas à biotecnologia, fármacos naturais, alimentos até mesmo ao combate à vassoura de bruxa e monilíase na lavoura do cacau.
Trabalho conjunto e visão coletiva
O professor Quintella destaca que para a constituição desses laboratórios foi criado um Grupo de Trabalho (GT) formado por ele mesmo, por um docente da área de Biologia de cada campus – professores Fabricio Lopes de Carvalho, Fabrício Berton Zanchi, Sebastião Rodrigo Ferreira e pela diretora de Infraestrutura Lívia Berti Sanjuan Farias.
Mas o que mais contribuiu para a rápida evolução dos trabalhos foi o desprendimento e a imensa colaboração de diversos docentes e servidores técnico-administrativos, além daqueles que compõem o GT, como Israel Souza Ribeiro, Lívia Santos Lima Lemos, Hayana Ramos Lima, Gisele Lopes de Oliveira, Luiz Henrique Santos Guimarães, do Campus Paulo Freire; Jannaina Velasques da Costa Pinto e Fernando Mauro Pereira Soares no Campus Jorge Amado; Thiago Mafra Batista, Orlando Ernesto Jorquera Cortes, Juliano Oliveira Santana, Carlos Werner Harckradt e Fabiana Cézar Félix Hackradt no Campus Sosígenes Costa – “estes últimos aceitaram, inclusive, que diversos equipamentos que haviam obtido por meio de projetos individuais, como um PCR-RT, fossem alocados no Laboratório Institucional”, explica o gestor.
“Em menor valor financeiro, diversos outros docentes também aceitaram alocar equipamentos oriundos de projetos individuais nos três campi. Este tipo de desprendimento e visão coletiva nos enche de orgulho e nos faz acreditar no futuro da pesquisa na UFSB. Acreditamos que, ao menos, um dos três laboratórios já esteja em condições de fazer análise do novo coronavírus ainda em 2020, e que todos estejam operando no início de 2021”, avalia o pró-reitor Quintella.