O Salão Paroquial da Capela de Adoração São Pedro foi palco de um evento inovador na noite da última sexta-feira, 03 de abril: o encontro entre membros da sociedade civil organizada interessados em se unir para criar um grupo de estudos e sugestões, apresentações de projetos e fiscalização em Teixeira de Freitas.
A proposta é implantar um grupo de gestão nos moldes do que existe em Lucas do Rio Verde, cidade sul-mato-grossense que está entre as mais desenvolvidas do Brasil.
Um dos membros do grupo, Pedro Álvares Cabral, conta que a ideia é desenvolver um grupo de estudos e politização “ou seja, vamos criar uma célula, a qual irá desenvolver uma espécie de colmeia em torno dela, discutindo diferentes ângulos da sociedade, como educação, saúde, agronegócio, segurança pública, infraestrutura, dentre outros. Junto com vários representantes da sociedade teixeirense, vamos criar um planejamento de governo, para que no ano de 2020, lançar essas ideias aos candidatos a prefeito da cidade, com entrevistas, debates, etc. O próximo gestor precisará se adaptar a essa realidade, pois são questões advindas do povo”, disse Pedro.
O Conselho Comunitário de Segurança Público (Consep), que tem o senhor Edivano Ferreira como presidente, foi convidado a compor o grupo, que visa discutir com a comunidade as demandas e as levar até a Câmara de Vereadores e à administração municipal, posto que, conforme pontuou o senhor Edivano, tais instituições públicas precisam trabalhar de acordo aos anseios da população.
O grupo “nasce a partir de representantes da sociedade civil organizada, que cria as câmaras temáticas ou células, e cada célula trabalha seu segmento e traz essas informações para o núcleo e, é discutido isso com a câmara de vereadores e o prefeito”, explica Edivano, que detalha: “Em Lucas do Rio Verde, quem administra o município são os conselhos comunitários de segurança de saúde educação, comunitários, não os conselhos municipais administrativos criados apenas para dar aval às ações das prefeituras”, os quais são formados por servidores públicos municipais.
O Consep apresentou na reunião um projeto de segurança pública inteligente e integrando, um modelo que é sucesso em algumas cidades brasileiras e traria ganhos não somente para a segurança, mas, para saúde, educação e administração municipal. “Dentro de um só projeto a prefeitura consegue administrar estes pontos”.
O projeto trazido para a área de segurança pública durante a reunião de apresentação do grupo propõe ações voltadas para desenvolver em Teixeira uma Smart cities – projeto de Cidades Inteligentes, em que a tecnologia é usada para melhorar a infraestrutura e urbana e promover bem-estar social num todo (saiba mais aqui).
Edivano destaca que “vivemos em uma era em que as cidades inteligentes são as cidades do futuro, atraindo investidores e gerando emprego e renda”.
Dentre as pessoas que falaram na reunião, esteve também Fernando Becevelli, atual secretário executivo do Consórcio Público Intermunicipal de Infraestrutura do Extremo Sul da Bahia (Consórcio Construir), que foi convidado por sua bagagem em políticas públicas e enquanto profissional mestre em Ciências sociais e desenvolvimento regional.
Becevelli fez um apanhado histórico sobre políticas públicas e exemplificou a funcionalidade destas ações com o projeto desenvolvido através do Consórcio Construir – o sistema integrado de gestão de resíduos sólidos.
Em sua explanação, Becevelli mostrou como politicas públicas têm que ser de verdade, “citar efetivamente o que vai fazer e como fazer. Mostrar como fazer e mostrar viabilidade para isso, eu falei em como fazer políticas publicas, qual a tendência, e gestão de resíduos sólidos é fazer política pública, basta sistematizar”.
Diante do problema enfrentado não somente em Teixeira, mas, na maioria das cidades do Brasil, foi pensado um projeto para os 13 municípios que compõem território extremo sul, que é o sistema integrado de gestão de resíduos sólidos. No município, se propõe instalar três centrais de triagem, instalar uma central de material orgânico, uma central de entulho, uma célula no aterro sanitário e um incinerador. Colocar central nos distritos e dez pontos de descartes espalhados na cidade para receber o que o caminhão de coleta não pega, como móveis quebrados, por exemplo.
Segundo Becevelli, “a expectativa é para 2030 produzir metade do resíduo sólido que produzimos hoje. Pessoas conscientes produzem menos lixo”, disse.
Segundo o professor de matemática da Uneb e doutor em educação, Wander Augusto Policário, também membro do grupo, a próxima etapa é a formação das câmaras técnicas para coleta de dados e encaminhamentos das ideias aplicáveis que surgirem.
No município existem 23 conselhos comunitários e mais de 100 associações, os quais serão ouvidos e os trabalhos desenvolvidos no grupo, por meio das Câmaras técnicas (de segurança, de educação, de saúde etc.) serão em consonância com eles, conforme detalhou o professor.