*Ramiro Guedes
Na casa do Sr. Wesley e de D. Áurea, os três filhos são motivo de muito orgulho e alegria. O mais novo, de 6 anos, estuda na escola da mãe, professora. O segundo, de 13 anos, é aluno do Colégio Anchieta. Já Mateus, 17, também aluno do Anchieta, é o único que trabalha fora, é professor de música na tradicional Escola Villa Lobos.
A precocidade de Mateus se manifestou mais uma vez. Influenciado pelos pais e pelos tios, prestou vestibular na Faculdade Pitágoras, onde disputou uma das vagas de Engenharia Civil, o novo Curso do Núcleo de Engenharias daquela instituição. Os tios sempre gostaram de matemática, a mãe também e sempre curtiram as possibilidades da construção civil. Mateus, se espelhando neles, sempre se viu construindo prédios, erguendo a cidade, planejando as linhas sólidas dos edifícios.
A música, que ele considera como uma ciência exata, também o influenciou para o curso. Terminou o segundo grau e, sem transição, foi prestar o exame. Fez as provas com confiança, mas não esperava o resultado da maneira que veio: primeiro lugar geral do vestibular de 5 de junho. A festa parecia completa e Mateus foi fazer a matrícula. Depois das comemorações pela classificação, as preocupações financeiras: a mensalidade iria apertar o orçamento de seus pais, situados na classe média, sem a permissão de altos voos. Conseguiriam, mas teriam de se privar a família de muitas coisas e abrir mãos de alguns confortos, conquistados duramente. Foi quando a boa surpresa veio: no momento da matrícula, Mateus foi informado que o primeiro lugar geral lhe dera um prêmio, bolsa integral para o Curso de Engenharia Civil. Todo o curso.
“Não pensei que ganharia esse prêmio. Ser o primeiro colocado já foi uma festa, pois estudei normalmente para o vestibular. Engenharia Civil é o meu sonho, pois minha mãe gosta, meus tios também e meu pai é o meu maior incentivador. Sei que os meus pais, enquanto eu não pudesse, bancariam meu curso, mas seria apertado. Agora, com a bolsa integral, tudo fica mais fácil. Estou vivendo um sonho”, comemora.
Já matriculado, Mateus espera o início das aulas com ansiedade, enquanto segue dando aulas de violão na Villa Lobos. “Agora é estudar muito, fazer um bom curso e trabalhar mais ainda, ajudando o meu país, pois há uma deficiência grande no número de Engenheiros Civis no Brasil”, planeja.
Essa é a figura de Mateus Hungria Soares Silva, 17 anos, primeiro lugar geral do Vestibular da Faculdade Pitágoras de Teixeira de Freitas e, por isso, premiado com uma bolsa integral para o Curso de Engenharia Civil.
Mateus, de óculos, ensinando violão para um aluno da Villa Lobos: “estou vivendo um sonho”.